Duas sobreviventes do atentado na Universidade Brown, nos Estados Unidos, já haviam presenciado ataques a tiros em escolas anteriormente. Segundo as estudantes, o incidente ocorrido no sábado, 13, trouxe lembranças perturbadoras de episódios ocorridos durante seu período escolar, e as fez lidar novamente com o medo da tragédia.
“O que mais tenho sentido é algo do tipo: como esse país ousa permitir que isso aconteça com alguém como eu duas vezes?”, declarou a estudante Zoe Weissman, de 20 anos. A jovem presenciou um atentado a tiros em 2018, quando estudava em frente à Marjory Stoneman Douglas High School, na Flórida, onde 17 pessoas foram mortas e outras 18 ficaram feridas durante um tiroteio em massa no Dia dos Namorados.
Na época com 12 anos, Weissman disse ter desenvolvido transtorno de estresse pós-traumático devido ao episódio, e que muitos de seus amigos entraram em contato para saber se ela estava bem. “Estou muito irritada por ter que passar por isso mais de uma vez, e por meus amigos e colegas também terem tido essa experiência”, desabafou, em entrevista à emissora ABC News.
Estudante do segundo ano da Brown, Weissman estava em seu dormitório no momento do atentado. “A princípio, entrei em pânico, porque, no instinto de luta ou fuga, só queria ter certeza de que estava fisicamente segura. Depois mandei mensagem para todos os meus amigos, que me responderam. Nos certificamos de que todos estávamos bem”, disse a jovem.
A experiência de Weissman é compartilhada pela terceiranista Mia Tretta, de 21 anos, baleada durante um ataque a tiros na Saugus High School, na Califórnia, em 2019. O massacre foi promovido por um estudante de 16 anos, que matou duas pessoas e feriu outras três – incluindo Tretta, atingida no abdômen.
“Nunca mais fui a mesma pessoa que era naquele dia. E presumo que não será diferente para os alunos da Brown”, lamentou a jovem em entrevista à emissora NBC. Tretta havia optado por Brown por acreditar que o tamanho do campus, menor em comparação a outras instituições, garantiria maior segurança.
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Em preparação para uma prova final, Tretta planejava estudar no prédio de engenharia e física Barus and Holley no sábado, mas desistiu e optou por voltar ao dormitório devido ao cansaço. Sem saber, a jovem acabou escapando de presenciar o massacre de perto, uma vez que o edifício foi o palco do atentado.
“Jamais me passou pela cabeça que tivesse ocorrido um tiroteio até que centenas de mensagens de texto começaram a chegar de todos”, afirmou Tretta, que já sofria com traumas desde o atentado anterior. No entanto, o episódio desse sábado se tornou mais preocupante devido a falta de identificação do autor do crime.
“Quando fui baleada na minha escola, eles descobriram onde o atirador estava em menos de uma hora. Eu não precisei lidar com esse medo por horas a fio, sem saber onde essa pessoa estava, se ela poderia fazer isso de novo”, desabafou a jovem.
De acordo com as autoridades, o responsável pela tragédia na Universidade Brown fugiu do campus logo após o atentado. Um suspeito chegou a ser detido pela polícia, mas foi liberado no domingo, 14. Até o momento, nenhuma pessoa foi acusada formalmente pelo crime, e os investigadores não divulgaram informações sobre uma possível motivação para o massacre.
O atentado a tiros começou às 16h05 no horário local (18h05 no horário de Brasília), com o primeiro alerta sendo disparado pela Brown menos de vinte minutos depois. A ação ocorreu nas proximidades do edifício Barus and Holley, resultando na morte de duas pessoas e ferindo outras nove.
“Não há palavras que possam expressar a profunda tristeza que sentimos pelas vítimas do tiroteio que ocorreu hoje”, declarou a presidente da universidade, Christina Paxson. “Esse é um dia profundamente trágico para Brown, nossas famílias e nossa comunidade local.”