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‘Dr. Morte’: Anestesista francês é condenado à prisão perpétua por envenenar pacientes

Um ex-anestesista da França, chamado pelos promotores de “Dr. Morte”, foi condenado à prisão perpétua nesta quinta-feira, 18, por envenenar intencionalmente 30 pacientes e matar 12 por quase uma década. Procuradores estatuais consideraram Frédéric Péchier, de 53 anos, “um dos maiores criminosos da história do sistema judicial francês”. Antes conhecido por ser um médico “estrela”, Péchier adulterava embalagens de paracetamol ou de anestesia de colegas para envenenar pacientes. As doses erradas provocavam ataques cardíacos. 

O julgamento se estendeu por três meses e teve como objetivo identificar quais foram as motivações por trás do crime. Segundo os procuradores, as razões era variadas: ele queria demonstrar que era “todo-poderoso”, em contraste com o sofrimento dos outros médicos; tentava desacreditar colegas com quem tinha rivalidade ou conflitos anteriores, agindo para que parecessem incompetentes; tinha uma “necessidade de poder”, de forma a usar do envenenamento como uma maneira para lidar com seus sentimentos de frustração e inadequação.

Uma das procuradoras,  Thérèse Brunisso, afirmou que Péchier era “um criminoso que usou a medicina para matar”, não um médico. Os crimes, apontou ela, tinham dois objetivos principais: “a morte física do paciente” e “o ataque psicológico lento e insidioso contra seus colegas”. As vítimas tinham entre quatro e 89 anos. Outra procuradora, Christine de Curraize, indicou que matar havia se tornado “um modo de vida” para ele.

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‘Meu corpo inteiro dói’

Péchier, que tem 10 dias para recorrer, alegou inocência e disse ao tribunal: “Nunca envenenei ninguém… Não sou um envenenador”. Os advogados das vítimas descreveram o ex-anestesista como frio e sem qualquer empatia. Seu paciente mais jovem, Tedy, sobreviveu a duas paradas cardíacas durante uma cirurgia de amígdalas de rotina em 2016. O pai do menino, Hervé Hoerter Tarby, contou à corte que o filho passou dois dias em coma, com a mãe rezando incessantemente ao lado da cama de hospital. Ele sobreviveu, mas ficou com sequelas.

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“Entendo que, quando eu tinha apenas quatro anos, alguém me usou e usou minha vida para criar problemas. Preciso de 10 minutos a mais que meus colegas para escrever. Tenho medo de que as marcas do envenenamento permaneçam comigo por toda a vida”, disse Tedy, hoje com 14 anos, em uma declaração lida pelo pai na audiência.

Sandra Simard tinha 36 anos quando, em 2017, teve de passar por uma cirurgia de coluna de rotina. Intoxicada por uma bolsa de anestesia adulterada, seu coração parou durante a operação. Ela ficou em coma por vários dias. Hoje, lida com as consequências diárias do envenenamento. “Meu corpo inteiro dói. É como se eu vivesse no corpo de uma pessoa idosa”, lamentou ela, que usa uma bengala. “Mas não posso reclamar, porque pelo menos estou viva.”

 

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