A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou, nesta sexta-feira, 31, que apenas 20 dos 100 mandados de prisão foram cumpridos durante a megaoperação realizada na última terça-feira, 28, que deixou cerca de 120 mortos em comunidades da capital fluminense. A atualização foi apresentada em coletiva de imprensa pelos secretários de Segurança Pública, Victor dos Santos, e de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.
Segundo Curi, 99 dos mortos já foram identificados. Desses, 78 tinham “relevante histórico criminal” e 42 possuíam mandados de prisão em aberto, não necessariamente da investigação que levou à ofensiva de terça-feira. Parte dos suspeitos mortos ou presos seria de outros estados, sem registro de identidade no Rio. A identificação está sendo feita por meio de reconhecimento facial e cruzamento de dados com a Polícia Federal.
Durante a coletiva, o secretário Felipe Curi classificou o Comando Vermelho como uma organização “narcoterrorista” e disse que os complexos da Penha e do Alemão se tornaram “centros decisórios” da facção. Segundo ele, criminosos de outros estados estariam vindo ao Rio para receber “treinamento” e replicar o modelo de atuação em suas regiões de origem. “Esses complexos também se transformaram em centros de distribuição de armas e drogas para outras favelas do estado. Estimamos cerca de dez toneladas de drogas e entre 50 e 70 fuzis negociados por mês”, declarou.
Curi afirmou que entre os presos estão o operador financeiro de uma das principais lideranças do tráfico, conhecido como Doca, o traficante Belão, apontado como chefe do tráfico no Quitungo, na Zona Norte. O delegado acrescentou que parte dos alvos descobertos durante a investigação não tinha registros anteriores na polícia. “Cerca de 30 dos mandados eram de pessoas que até então passavam despercebidas. O trabalho de inteligência é essencial para identificar e retirar essas pessoas do anonimato”, disse.

O governo estadual informou que divulgará as fichas criminais dos suspeitos e os estados de origem daqueles que não são do Rio. A operação, batizada de Contenção, integra uma política permanente de enfrentamento ao crime organizado e contou com apoio da Polícia Militar e de órgãos federais.
Segundo Curi, a ação está conectada a uma força-tarefa criada pelo Ministério da Justiça e pelo governo fluminense para acelerar investigações e identificar criminosos de outros estados. O trabalho inclui o uso de bancos nacionais de identificação e rastreamento de armas.
