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Donald Trump pôs o dedo numa ferida que europeus preferem ignorar

“As civilizações morrem por suicídio, não assassinato”, disse Arnold Toynbee referindo-se ao colapso moral ou estrutural que acaba com a mais sofisticadas construções humanas, não invasões ou conquistas (sendo o império asteca a exceção obrigatória). Toynbee saiu de moda, mas o que ele escreveu, numa obra monumental, merece ser revisitado, principalmente agora que Donald Trump apontou para o problema que os europeus fazem um esforço danado para não ver.

A lista começa com as transformações sistêmicas que a migração de massas humanas procedentes de países muçulmanos e africanos (ou ambos) introduzem num sistema baseado em princípios tácitos aos quais elas são alheias.

Constatar isso não é de direita ou de esquerda, é uma realidade: basta caminhar pelas margens do Sena onde brotam como cogumelos as barracas de migrantes à espera de asilo ou ver os vídeos do TikTok em que traficantes humanos filmam meninas inglesas que se vestem como todas as outras garotas do mundo ocidental – shortinho, top com a barriga de fora, microvestidos – para usá-las como propaganda de seus “serviços” de transporte de clandestinos para a Inglaterra.

Não é exatamente uma surpresa quando afegãos, paquistaneses ou sírios estupram meninas assim, que aos olhos de sua cultura, estão lá para ser usadas conforme seus desejos, já que não embrulham o corpo em mantos nem cobrem a cabeça com panos negros. Nos dias de tempo bom, mais de mil desses migrantes chegam ao país em botes pelo Canal da Mancha e são recebidos com celular, hospedagem e dinheiro para pequenas despesas.

A ideia de meninas abusadas é um dos mais fortes componentes que podem levar a confrontos diretos entre populares revoltados e migrantes – um desmanche civilizatório. Na semana passada, dois jovens afegãos, bem vestidos e mantidos num hotel com o dinheiro dos contribuintes, arrastaram uma menina de quinze anos num parque e a violentaram, obrigando-a a fazer sexo oral. Não vai demorar muito para haver levantes populares.

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RÚSSIA NEOIMPERIALISTA

Trump falou em “obliteração civilizacional”, uma espécie de apagamento das sociedades mais avançadas do mundo, e atingiu os brios de muitos líderes europeus que se julgaram ofendidos pelas palavras duras, não pela situação que eles mesmos criaram em seus países – todos, claro, com a melhor das intenções e guiados pelo respeito aos direitos humanos, tal como aprenderam quando não havia milhões de estrangeiros desembarcando em território europeu.

Nesse processo, formaram-se enormes comunidades estrangeiras sem predisposição a se integrar e hostis aos valores que estão, justamente, na base da civilização ocidental, entre os quais a separação entre Igreja e Estado, liberdade para fazer o que quiser e não estiver no código penal e igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Os problemas europeus, evidentemente, antecedem a migração em massa: o declínio do cristianismo, base dessa que é a grande civilização mais benigna já existente na face da Terra (tanto pela aceitação de seus princípios humanísticos como pela rejeição à religião que conduziu ao Iluminismo e ao pensamento científico, num processo transformador do mundo), o trancamento econômico, a inviabilidade da manutenção dos generosos benefícios do estado do bem-estar social, o encolhimento populacional e, agora, o desafio de uma Rússia neoimperialista cujas ambições são constantemente denunciadas por líderes europeus, com efeito próximo de zero. Um número brutal: em 1992, a União Europeia atingiu o pico de 29% do PIB mundial; este ano, será de 17%. Estão países em retração prontos para a crescente ameaça russa?

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Não é uma pergunta retórica.

“Precisamos estar preparados para uma guerra na escala que nossos avós e bisavós enfrentaram”, advertiu na semana passada secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, um cautelosíssimo e equilibrado ex-primeiro-ministro da Holanda que só recorreria a palavras tão fortes se realmente visse no horizonte próximo – coisa de cinco anos – um imenso perigo.

‘CIVILIZAÇÃO É UMA VIAGEM’

Foi recebido, obviamente, com apenas manifestações educadas de preocupação. Líderes e analistas europeus preferiram continuar falando mal de Trump, enquanto o resto do pessoal não saía do TikTok.

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Arnold Toynbee estudou a ascensão e o declínio de 22 civilizações, creditando seu sucesso à resposta criativa a desafios existenciais encontrada por uma minoria de líderes esclarecidos.

Da mesma forma, entraram em decadência quando os líderes pararam de dar respostas criativas e afundaram em excessos de nacionalismo, militarismo e tirania de uma minoria despótica. Hoje, ocorre o oposto: as forças mais importantes am ação sufocam qualquer coisa parecida com sentimentos patrióticos, temerosos do que o descontrole nessa área da provocou.

Alcançam o resultado oposto. O nacionalismo em ascensão em França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e outros é uma reação direta à tentativa de criar entidades supranacionais e reprimir expressões legítimas, como o respeito pela bandeira nacional e o apego ao modo de vida tradicional no que tem de positivo, de valores permanentes. Na Inglaterra, a histórica bandeira de São Jorge foi transformada numa perigosa manifestação de radicalismo pelo sistema orientado para a esquerda na política, na mídia e no mundo acadêmico. A reação é a ascensão da direita pura e dura de Nigel Farage, um fenômeno não exclusivo do país.

O historiador inglês não mencionou, entre as causas da derrocada civilizacional, o vício em redes sociais porque não era do seu tempo, mas certamente balançaria a cabeça se visse todo mundo hipnotizado pelo TikTok. E olhem que ele era antenado em situações cambiantes, tendo dito que “a civilização é um movimento, não uma condição; é uma viagem, não um porto”. Tudo, portanto, é fluxo. Supermoderno, não?

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