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Dois anos de guerra em Gaza: o conflito Israel-Hamas em números

A guerra entre Israel e o grupo palestino radical Hamas completa dois anos nesta terça-feira, 7, em meio a negociações sobre o plano de 20 pontos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que propõe pôr fim no conflito. Nos ataques de 7 de outubro de 2023, cerca de 1.200 pessoas foram mortas pelos militantes e outras 251 foram levadas reféns para Gaza, das quais 48 ainda permanecem em cativeiro — estima-se que apenas 20 deles ainda estejam vivos.

De lá para cá, Israel conduziu operações implacáveis por céu e terra, com custo humano altíssimo. Mais de 67 mil palestinos foram mortos — entre eles, 453 por fome, incluindo 150 crianças — e 169.600 ficaram feridos, mostram dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Isso significa que pelo menos 10% da população de Gaza, estimada em 2,2 milhões antes do confronto, foi morta ou ferida em 24 meses de guerra.

Trata-se, inclusive, da guerra mais mortal para jornalistas. Quase 300 profissionais da imprensa foram mortos desde 7 de outubro, incluindo 10 da emissora árabe Al Jazeera, de acordo com o Observatório Shireen Abu Akleh. O número é superior ao total combinado da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, que somaram 69 vítimas. Nas guerras do Vietnã, Camboja e Laos, foram 71; e na invasão russa à Ucrânia, que segue desde 2022, foram 19 até agosto.

Rastro de destruição e deslocados

O governo israelense nega os números e alega que a contagem não difere entre civis e membros do grupo radical, mas organizações humanitárias e um ex-general das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, concordam com a estimativa e alertam que pode se tratar de uma subnotificação, já que há palestinos soterrados em escombros de casas e prédios devastados pelos ataques. O Centro de Satélites da ONU afirma que pelo menos 102.067 prédios foram destruídos. No momento, Israel controla 75% do território.

O rastro de escombros é 12 vezes maior do que a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. De cada 10 edifícios que antes existiam em Gaza, oito foram danificados ou arrasados. Encurralada, restou à população de Gaza tentar fugir dos bombardeios. Mais de 1,9 milhão de pessoas, ou 90% do enclave, foram deslocadas, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Em Israel, em comparação, cerca de 100.000 pessoas tiveram de deixar suas casas.

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Crianças amputadas e sistema de saúde colapsado

Acredita-se que 40 mil crianças tenham perdido um ou ambos os pais, segundo o Escritório Central de Estatísticas da Palestina, que definiu a situação como “a maior crise de órfãos da história moderna”. Além disso, dados de março do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontaram que entre 3.000 e 4.000 crianças em Gaza tiveram um ou mais membros amputados. O enclave palestino tornou-se o lugar do mundo com mais menores de idade mutilados. Quase 658.000 crianças em idade escolar e 87.000 estudantes universitários estão sem acesso à educação, já que os centros de ensino foram destruídos ou são usados como abrigo.

Em meio à escalada da violência, 22 dos 36 hospitais de Gaza fecharam as portas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Trata-se de um somatório de problemas: ataques israelenses aos prontos-socorros sob acusações de que o Hamas usava os prédios como esconderijos, uma alegação rejeitada pelos militantes; sobrecarga da equipe médica e colapso do sistema de saúde do território, reflexo do elevado número de feridos; e falta de equipamentos, medicamentos e combustível, consequência do bloqueio parcial de Israel à entrada de ajuda humanitária. Os 14 hospitais restantes funcionam de forma limitada.

Fome e ajuda humanitária

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estima que 1,8 tonelada de ajuda humanitária entrou em Gaza desde os ataques do Hamas. O número, contudo, é insuficiente. Em agosto, a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), um órgão apoiado pelas Nações Unidas e por outras entidades, declarou estado de fome generalizada em Gaza, o primeiro a afetar o Oriente Médio. Na época, mais de meio milhão de pessoas enfrentavam condições “catastróficas” caracterizadas por “fome, miséria e morte”. Hoje, 30% da população de Gaza passa dias sem comer, calcula o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

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Tentar acessar suprimentos também se tornou perigoso. Quase 1.900 palestinos foram mortos enquanto buscavam ajuda desde 27 de maio, quando a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglÊs) iniciou as operações em Gaza, indica o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH, na sigla em inglês). Apoiado por Israel e pelos Estados Unidos, o grupo privado americano é condenado pela ONU e por organizações humanitárias, que o acusam de transformar a fome em arma de guerra e de ineficácia. As críticas também abrangem o uso de seguranças armados nos centros de distribuição.

Reféns e palestinos presos

Somente um em cada quatro palestinos detidos em prisões em Israel são membros do Hamas ou da Jihad Islâmica Palestina, revelou o jornal britânico The Guardian com base em dados militares israelenses confidenciais no início de setembro. A maioria dos prisioneiros é, então, composta por civis, que passam longos períodos sem acusação ou julgamento. Entre eles, estão profissionais da saúde, professores, funcionários públicos e de imprensa, escritores, crianças, pessoas doentes e com deficiências.

Entre trocas de prisioneiros, 140 pessoas sequestradas pelo Hamas saíram vivas de Gaza. A maior libertação de reféns ocorreu em 24 de novembro de 2023, quando os combates foram pausados por um cessar-fogo que se estendeu por uma semana. Até agora, as Forças de Defesa de Israel (FDI) conseguiram recuperar os restos mortais de 57 reféns. Informações da Inteligência de Israel indicam que ainda há 48 sequestrados, incluindo 28 mortos. O plano de Trump prevê o retorno de todos, vivos e mortos.

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