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Do vinil ao copo: bartenders criam coquetéis inspirados pela música

A música pode inspirar a criação de coquetéis. Foi com esse mote que os bartenders Heitor Marin, Ricardo Miyazaki e Chula Barmaid participaram de uma noite de “guest bartender” (quando profissionais convidados assumem o balcão) no Terraço Notiê, que ocupa a cobertura do Shopping Light, no centro de São Paulo.

A noite foi dividida em dois atos. No primeiro, enquanto clássicos da MPB tocavam nas caixas de som, cada bartender apresentou uma criação inspirada na música brasileira. Depois, o curador e DJ residente Ivisson Cardoso mudou o clima e passou a tocar apenas discos de R&B, e um novo trio de coquetéis foi apresentado. 

O espaço também foi recentemente reformado e agora tem uma sala de música, com sistema de som de alta qualidade e um grande acervo de vinis. Como em outros bares de audição de São Paulo, a proposta é mesclar curadoria musical, qualidade sonora e boa coquetelaria.

André Sollitto
Ivisson Cardoso, curador musical do Terraço Notiê, selecionando os vinis da noiteAndré Sollitto/VEJA

Miyazaki, que comanda o The Punch Bar e assina a carta fixa do Terraço Notiê, acompanhou a MPB com o Capuccino Tropical, elaborado com vodka, suco de limão siciliano, xarope de açúcar, abacate com leite e espuma de café. Por conta da espuma, o aroma remetia a um capuccino, mas a base feita com abacate e clarificada engana o paladar. Já o R&B foi acompanhado pelo Blue Tomato, feito com whisky Singleton, água de tomate, água de coco, xarope de açúcar, vinagre de maçã e flor de sal. “Me baseei na percepção que a MPB e o jazz podem ser profundos, então fiz camadas de sabor. Já o R&B e o soul podem ser mais animados”, diz o bartender. 

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A argentina Chula Barmaid, que se divide entre vários projetos, como a consultoria Soledad, com a qual assina diversas cartas em São Paulo, e o café Brim, do qual é sócia, também criou dois drinks inéditos. O Quasi uma Sidra, feito para tomar enquanto a MPB rolava nas caixas, leva Johnny Walker Gold Label, maçã vermelha, Cointreau e castanhas. Para a “harmonização” com o R&B, criou um Martini de Uvas, com gin Tanqueray, blend de uvas clarificadas (incluindo três variedades de mesa), vermute seco e azeitona. “Normalmente, me inspiro em artes e cinema, que são mais visuais. Com a música, busquei referência no movimento. Em como cada som me faz pensar no movimento”, diz a bartender argentina.

Heitor Marin foi além das referências musicais e preferiu pensar também na conexão entre coquetelaria e gastronomia. O Samba, com cachaça Ypioca, purê de manga com jalapeño, suco de limão siciliano e tintura de sal foi inspirado na própria infância. “Quando criança, comia manga verde com sal. E é essa referência que quis trazer”, conta. Seu segundo coquetel, Nori Bassline, feito com tequila Don Julio Blanco, xarope de melão com alga nori, limoncello, bitter de laranja, suco de limão e água com gás tinha uma nota salina e foi criado para o ato ligado ao R&B. “É um drink que pede comida”, diz Marin.

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