Milhares de manifestantes foram às ruas na Polônia neste sábado, 11, em protesto contra a proposta de acordo comercial entre União Europeia e Mercosul e as novas leis de imigração e asilo político para países do bloco europeu.
Realizado na capital Varsóvia, o ato foi organizado pelo Lei e Justiça, partido populista de direita que representa a principal força de oposição ao governo do primeiro-ministro Donald Tusk, da Plataforma Cívica. “Esta é uma demonstração contra a imigração ilegal, contra o pacto de imigração e todas estas ações que têm como objetivo trazer miséria à Polônia”, declarou o líder do Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, em discurso aos manifestantes diante do histórico Castelo Real de Varsóvia.
“Parem com a imigração ilegal! Parem com o acordo UE-Mercosul!”, diziam bandeiras hasteadas pela população que marchou pelas ruas neste sábado. Alguns manifestantes vestiam bonés com os dizeres “Make Poland Great Again” (“Faça a Polônia grande de novo”), em alusão ao notório slogan populista de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O acordo UE-Mercosul enfrenta forte resistência por setores ligados à agropecuária na Polônia, alimentada pelo receio de que as importações brasileiras mais baratas causariam prejuízo aos produtores rurais do país. Após quase três décadas de negociação, o tratado comercial ganhou fôlego sob o governo Lula e, em setembro, recebeu sinal verde pelo Conselho Europeu — para entrar em vigor, faltam as assinaturas dos 27 países-membros da União Europeia.
Já a pauta-bomba da imigração, tema mais divisivo atualmente na política europeia, pode ganhar novos contornos a partir de junho de 2026, quando entrará em vigor o novo Pacto Europeu para Migração e Asilo — na prática, o tratado padroniza as políticas migratórias para os países do bloco econômico. Ainda que a nova legislação defina normas rígidas sobre a entrada de pessoas não-europeias, a medida foi recebida com forte oposição pela Polônia e pela Hungria, que defendem mais autonomia nacional para barrar o crescente fluxo de migrantes ao continente.