Fontes do Itamaraty ficaram surpresas com a postura de Fernando Haddad no discurso no Planalto, ao chamar os Estados Unidos de “agressor”. Pareceu — e foi — um discurso político vindo de uma autoridade econômica — algo fora de lugar e de liturgia, na visão da diplomacia.
“Não é coisa de quem quer — e precisa — negociar”, diz um graduado diplomata.
A declaração se deu no lançamento do primeiro pacote de socorro do governo ao empresariado brasileiro atingido pelo tarifaço dos Estados Unidos.
Antes da cerimônia, Haddad culpou Eduardo Bolsonaro pelo cancelamento de uma reunião com o chefe do Tesouro de Trump.
No Itamaraty, essa história é desmentida: “O veto de Trump já existia antes de Haddad anunciar a suposta conversa. Todos sabiam que não ocorreria”.
Pode até ser que Haddad tenha sido confiante demais em acreditar que o chefe do Tesouro — que tirou foto com Eduardo Bolsonaro, nesta semana — fosse mesmo negociar alguma coisa com ele.
O problema, no caso, não foi o cancelamento da reunião. O erro foi a principal autoridade econômica do Brasil sair anunciando uma agenda que não precisaria ser anunciada, como fez Haddad.