A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou nesta terça-feira, 23, que o país foi submetido ao “mais sério ataque contra infraestrutura crítica” até o momento, após uma incursão de drones acarretar no fechamento do aeroporto de Copenhague por várias horas. As autoridades investigam quem está por trás da suposta investida e Frederiksen afirmou que a Rússia não pode ser descartada.
O incidente ocorreu após um ataque cibernético aos sistemas de embarque causar problemas em aeroportos de Londres, Berlim e Bruxelas, e também depois de drones russos adentrarem o espaço aéreo da Polônia, Romênia e Estônia — que, como a Dinamarca, são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em uma reunião nesta terça para discutir os episódios, o secretário-geral da aliança militar ocidental, Mark Rutte, afirmou que o grupo está pronto e disposto a “defender cada centímetro de nosso território”.
O que aconteceu
A polícia dinamarquesa disse que dois ou três drones de grande porte que foram vistos na noite de segunda-feira perto do aeroporto, que também atende o sul da Suécia. Copenhague desviou 31 voos, o que levou ao atraso ou cancelamento de uma centena de outras rotas, afetando cerca de 20 mil passageiros. De acordo com as autoridades, os equipamentos pareciam ser pilotados por um “operador competente” que buscava demonstrar capacidades específicas. Nenhum suspeito foi identificado até o momento.
Os drones vieram de várias direções, acendendo e apagando suas luzes por várias horas antes de desaparecerem. Entre as teorias investigadas pela polícia está a de que os equipamentos podem ter sido lançados de navios, uma vez que o aeroporto de Copenhague fica a uma curta distância do Báltico, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo. Acredita-se que centenas de navios da frota paralela russa passem por lá, transportando petróleo sancionado.
O aeroporto de Oslo, na Noruega, também foi forçado a fechar por três horas após dois drones terem sido observados no local.
Dezenas de milhares de passageiros ficaram retidos na região nórdica devido aos dois incidentes e voos tiveram que ser desviados. Autoridades de ambas nações investigam se os dois episódios estão relacionados.
“A polícia avalia que se trata de um agente capaz e a polícia de Copenhague está trabalhando em estreita colaboração com a PET (a agência dinamarquesa de segurança e inteligência), as forças armadas dinamarquesas e parceiros internacionais na investigação, que está em pleno andamento”, disse Frederiksen.
Acusações
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alegou, sem apresentar provas, que os russos estavam por trás do incidente de Copenhague, e a primeira-ministra não confirmou, mas disse que “não podemos descartar a Rússia” como responsável. O Kremlin negou a autoria dos ataques, chamando as acusações de “infundadas”.
“Obviamente, não vamos descartar nenhuma opção em relação a quem está por trás disso. Mas está claro que isso se encaixa nos desenvolvimentos que pudemos observar recentemente com outros ataques de drones, violações do espaço aéreo e ataques de hackers a aeroportos europeus”, declarou Frederiksen, fazendo referência velada a Moscou.
Ela também afirmou que o que se passou na Dinamarca deve ser visto “no contexto de tudo o mais que está acontecendo na Europa”.
“Vimos drones sobrevoando a Polônia, vimos atividades na Romênia, violações do espaço aéreo estoniano, tivemos um ataque hacker a aeroportos europeus no fim de semana e agora drones na Dinamarca e na Noruega”, relatou à emissora dinamarquesa DR nesta manhã. “Só posso dizer que, na minha opinião, este é um ataque sério à infraestrutura crítica dinamarquesa.”
A premiê acrescentou que a incursão tinha a intenção de “criar agitação e preocupação no país”.