A China enfrenta uma das ondas de calor mais intensas já registradas no país, que atinge vastas regiões do território e sobrecarrega o sistema de energia elétrica. Nesta quarta-feira, 23, autoridades chinesas alertaram para o risco de interrupções no fornecimento de eletricidade, provocado pelo aumento da demanda em meio às temperaturas extremas.
O consumo de energia ultrapassou pela primeira vez a marca de 1,5 bilhão de quilowatts, um novo recorde nacional — o terceiro só em julho. Com termômetros que superam os 48°C em algumas localidades, o governo emitiu seu primeiro alerta nacional sobre os riscos do calor e adotou medidas emergenciais para evitar apagões, especialmente em áreas críticas.
Além do impacto no sistema elétrico, cresce a preocupação com a saúde pública, sobretudo entre idosos e trabalhadores expostos ao sol. As autoridades recomendam que pessoas vulneráveis permaneçam em casa e orientam a redução ou suspensão das atividades externas nos chamados “dias sauna”.
Para aliviar a pressão sobre o sistema, a China anunciou na semana passada o início das obras da que será a maior usina hidrelétrica do mundo, no Tibete. Embora o projeto tenha animado investidores, gerou reações contrárias em países vizinhos, como Índia e Bangladesh. Espera-se que a usina produza 300 bilhões de quilowatts-hora anualmente, o equivalente ao consumo total de eletricidade do Reino Unido no ano passado.
Calor recorde
Desde março, o número de dias com temperaturas iguais ou superiores a 35°C tem sido o maior da história. Em Xinjiang, por exemplo, uma estação meteorológica registrou 48,7°C.
Nas últimas duas semanas, áreas com temperaturas acima de 40°C chegaram a 407 mil quilômetros quadrados — mais do que a extensão territorial da Alemanha ou do Japão. Especialistas alertam que o calor intenso deve persistir e que agosto pode ser tão quente quanto, ou até mais, do que os últimos anos.