As vendas do comércio varejista em São Paulo devem ganhar um impulso de 1 bilhão de reais neste mês de agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo projeção da FecomercioSP. A expectativa é que o faturamento com o Dia dos Pais atinja 30 bilhões de reais no estado, uma alta de 3,7%. Na capital, o avanço será um pouco mais modesto: 2,7%.
O principal motor das vendas neste ano são os eletrodomésticos e eletrônicos, cujas receitas devem saltar quase 10% na capital (223,7 milhões de reais a mais) e 6,2% no estado. O economista Fábio Pina, consultor da FecomercioSP, ressalta que, apesar dos juros altos, que a decisão de compra segue sendo motivada pelo bolso: “A sensibilidade do consumidor é paquidérmica. Ele compra se cabe no bolso.” O setor segue estimulado pelo mercado de trabalho aquecido e o aumento da renda.
Roupas, calçados e tecidos também vão bem: crescimento de 4% nas vendas no estado e 2,2% na capital, impulsionados por promoções fora dos grandes centros. Já o segmento de farmácias e perfumarias cresce no interior (alta de 1,9%), mas cai na capital (-1%).
Problemas à vista
Apesar dos bons números, Pina faz um alerta sobre os riscos à frente e a falta de sustentabilidade dessa alta no consumo: “Temos uma política fiscal em desequilíbrio, com gasto público elevado que sustenta esse crescimento de forma artificial. O emprego e a renda ajudam a justificar o aumento das vendas e o volume de crédito, mesmo com juros altos. Mas esse cenário não se perpetua sem custo. Em algum momento, essa conta chega”, diz. Resta saber quando.
Os efeitos do tarifaço podem também atrapalhar as vendas. Caso setores afetados comecem a demitir, o comércio pode sentir uma redução de demanda. Com graves problemas fiscais, o montante de recursos disponíveis para socorrer setores também é limitado. ” Se houvesse austeridade e reservas, o governo teria folga fiscal para gastar um pouco mais com fenômenos desse tipo”, diz.