Para além do evento principal concentrado na Zona Azul, região do Parque da Cidade, onde são travadas as negociações da COP30, em Belém, há uma extensa agenda de palestras, encontros e exposições. Longe do burburinho oficial, em um circuito outsider, acontece um desfile de moda, no fim desta terça-feira, 13, que chama a atenção pelas marcas regionais envolvidas e pelo local escolhido para a apresentação. O evento reune grifes amazonenses da bioeconomia, em uma casa de palafitas, ficada no meio da Floresta Amazônica, na Ilha de Combu, a 15 minutosde barco da costa da capital.
O evento foi organizado pela Associação de Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), com apoio da Riachuelo, grande marca de fast fashion. Com o título “Vestir Amazônia, reflorestar o clima”, traz 25 looks de 15 marcas convidadas pela organização para exibir o conhecimento das comunidades tradicionais,além de inovações dos biomateriais e práticas regenerativas da floresta. A trilha sonora será conduzida ao vivo pela cantora Djuena Tikuna, com a presença de mestres da floresta em um dabucuri coletivo –ritual de celebração, troca e união ancestral.
Os organizadores chamam o evento de desfile-manifesto e propõem uma ocupação simbólica e sensorial, que conecta moda, ancestralidade, clima e futuro. “A floresta é fonte de beleza, saber, tecnologia, cuidado e design. Este desfile é um ato de futuro”, afirma Tainah Fagundes, empreendedora da marca Da Tribu e conselheira da ASSOBIO, uma das lideranças do evento.
Na passarela, o destaque são os acessórios amazônicos misturados a looks especiais fornecidos pela Riachuelo e Veja Shoes, além da presença de criadores de referência em sustentabilidade no Brasil, como Day Molina,do Rio de Janeiro, Flavia Aranha, de São Paulo, Catarina Mina, do Ceará e a artista Sioduhi, da Amazônia. Trata-se de uma moda que usa material produzido pela própria floresta, sem qualquer devastação, provando que o ecossistema preservado também gera riquezas econômicas. A Assobio estima que 30% dos associados atuem nessas cadeias, com muita relevância, para fortalecer o papel essencial da regeneração econômica.
A moda é o segundo setor que mais polui o meio ambiente, depois do petróleo. O excesso de consumo e o descarte rápido dos produtos somados à falta de gestão de resíduos viraram um grande problema para o meio ambiente. Do total consumido, 80% vira lixo. São 92 milhões de toneladas de roupas disperdiçadas no mundo. Diminuir o impacto ambiental virou meta para algumas empresas do setor.
É o caso da Riachuelo. “Investimos em um produção mais sustentável com o uso do algodão agroecológico” , diz Taciana Abreu, diretora de sustentabilidade da marca. Trata-se de um projeto realizado pelo Instituto Riachuelo, no Sertão do Seridó, no Rio Grande do Norte, com o apoio da Embrapa e do Sebrae, para a produção da matéria-prima 100% sustentável. Entre as apostas da empresa está o uso de corantes naturais proveniente de plantas como a anileira. “Pretendemos fazer um projeto parecido na Amazônia”, diz Taciana. Para a COP30, a Riachuelo apoia um dos projetos da sociobioeconomia do povo Yawanawa, do Acre, em parceria com a Together Band. O desfile será fechado para convidados.