counter Desengasgo: novas diretrizes atualizam primeiros socorros para todas as idades; veja como fazer – Forsething

Desengasgo: novas diretrizes atualizam primeiros socorros para todas as idades; veja como fazer

A cena é conhecida: alguém engasga, leva as mãos ao pescoço e, no instinto, outra pessoa corre para fazer a manobra de Heimlich, aquela pressão abdominal feita com as duas pessoas em pé, que ajuda a expulsar o que bloqueia as vias aéreas. Mas, a partir de agora, o procedimento muda. A American Heart Association (AHA), referência mundial em protocolos de primeiros socorros e reanimação cardiopulmonar (RCP), atualizou suas diretrizes oficiais e passou a recomendar começar pelas pancadas nas costas, e não mais pelas compressões abdominais.

A mudança, divulgada neste mês, vale para todas as faixas etárias, de bebês a adultos. E, segundo a entidade, é resultado de décadas de estudos e testes clínicos que mostram que as pancadas nas costas ajudam a deslocar o objeto antes mesmo das compressões abdominais, o que pode facilitar a desobstrução.

O que muda para bebês

Nos pequenos de até 1 ano, o novo protocolo indica alternar cinco pancadas nas costas e cinco compressões no peito, até que o objeto seja expulso. Antes de agir, é essencial confirmar se o engasgo é real. O bebê não consegue tossir, chorar, respirar, muda de cor ou fica com o corpo “mole”? Se sim, é hora de intervir.

AHA atualiza diretrizes para realização de desengasgo em bebês, crianças e adultos
Manobra em bebês deve começar com cinco pancadas firmes entre as escápulas (as “costas”), com a parte mais rígida da mãoAHA/Reprodução
  • Apoie o bebê de bruços sobre o antebraço, com a cabeça mais baixa que o corpo, segurando a boca aberta com a mão em formato de “C”, apoiando a mandíbula;
  • Dê cinco pancadas firmes entre as escápulas (as “costas”), com a parte mais rígida da mão;
  • Vire o bebê de barriga para cima e faça cinco compressões torácicas no centro do peito, usando a base da palma da mão (antes, essa compressão era feita com dois dedos, em uma linha abaixo dos mamilos. Agora, o protocolo orienta o uso da parte mais firme da mão).
  • Repita os movimentos até o corpo estranho sair.

Um dica importante é não colocar os dedos na boca se o objeto não estiver visível, pois isso pode empurrá-lo ainda mais para dentro. Caso o bebê desmaie, deve-se iniciar a RCP com 30 compressões no peito (nesse caso, usando os dois polegares) e duas ventilações.

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Crianças maiores e adultos

Nas crianças acima de um ano e nos adultos, a lógica é parecida. Primeiro, verifique se há obstrução total. Ou seja, se a pessoa não consegue tossir, emitir som ou respirar. Confirmado o engasgo, é necessário se posicionar atrás da vítima, levemente inclinada para frente, e dê cinco pancadas firmes nas costas, com o calcanhar da mão. Se o objeto não sair, aí sim entram as compressões abdominais da manobra de Heimlich:

  • Feche um punho e posicione-o acima do umbigo e abaixo do osso do peito;
  • Segure o punho com a outra mão e pressione com força para dentro e para cima;
  • Alterne entre as pancadas e as compressões até que o objeto seja expelido.
AHA atualiza diretrizes para realização de desengasgo em bebês, crianças e adultos
Em crianças e adultos, as diretrizes sugerem iniciar com ‘golpes’ nas costas, seguidos da manobra de HeimlichAHA/Reprodução

Caso a vítima perca a consciência, o protocolo orienta iniciar compressões torácicas no ritmo da RCP tradicional, entre 100 e 120 por minuto.

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Viralizou nas redes sociais

As novas orientações bem bem saíram do papel e já chegaram nas redes sociais. Em um vídeo simples e direto, a capitã do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, Carla Andresa, mostrou, com a ajuda da filha, como agir diante do engasgo infantil. Em apenas dois passos, ela resumiu as novas manobras recomendadas pela AHA. Já são mais de 30 milhões de visualizações.

No vídeo, Carla ensina a sequência das pancadas nas costas e das compressões, reforçando a importância de tentar manter a calma. Em outro conteúdo, usando uma boneca, ela demonstrou o passo a passo para desobstrução em bebês, detalhando a posição correta e o movimento das mãos.

Aprender pode salvar vidas

A atualização das diretrizes reforça algo que os especialistas sempre repetem: que saber agir nos primeiros minutos pode ser a diferença entre a vida e a morte. “Sabemos que a RCP de alta qualidade salva vidas, e precisamos de apoio dedicado para garantir que todos que precisam recebam esse cuidado. Isso começa com o aprendizado”, disse o médico Ashish Panchal, presidente voluntário do Comitê Científico de Cuidados Cardiovasculares de Emergência da AHA e professor na Universidade Estadual de Ohio.

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A entidade incentiva que todas as pessoas façam um curso de RCP, presencial ou online, para aprender as técnicas e saber reagir diante de uma emergência. “Todos têm um papel na cadeia de sobrevivência”, reforça Panchal.

As novas diretrizes completas serão publicadas nos periódicos Circulation, da AHA, e Pediatrics, da American Academy of Pediatrics.

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