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Deportado por engano, imigrante pode ser expulso dos EUA de novo – agora para Uganda

Kilmar Abrego García, imigrante cuja deportação indevida para El Salvador o transformou em símbolo da draconiana política de deportações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi intimado a comparecer perante autoridades federais na cidade americana Baltimore nesta segunda-feira, 25, enquanto enfrenta a possibilidade de ser expulso novamente do país — desta vez para Uganda.

Abrego, 30 anos, entrou ilegalmente nos Estados Unidos em 2012, foi preso em março de 2019 enquanto procurava trabalho, mas, em outubro do mesmo ano, um tribunal de imigração determinou que ele não poderia ser deportado de volta para El Salvador, porque enfrentava um “temor crível de perseguição” por parte de uma das gangues que dominavam o país, a Barrio 18. Foi permitido que ele permanecesse em solo americano sob um status chamado “retenção de remoção”. Depois, recebeu uma autorização de trabalho.

Apesar da ordem proibindo sua deportação, o governo Trump o prendeu em março deste ano, acusou-o de ser membro da gangue rival da Barrio 18, chamada MS-13, e o deportou para o CECOT, prisão de segurança máxima em El Salvador construída na guerra contra o crime organizado. Várias autoridades do governo confirmaram que a deportação de Abrego foi um “erro administrativo”, e depois de um périplo que durou semanas, foi devolvido aos Estados Unidos em junho para enfrentar novas acusações.

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Desde então, ele ficou preso no Tennessee. Na última sexta-feira 22, foi libertado da custódia policial e voltou para a casa de sua família em Maryland. Mas o alívio não durou.

Acusações infundadas

Abrego Garcia nunca foi condenado, nem sequer acusado, por ser membro de uma gangue. Durante seu processo de deportação, foram apresentadas algumas evidências de que ele pertencia à MS-13, que os juízes decidiram serem suficientes para mantê-lo preso enquanto o caso era resolvido. Mas outros magistrados expressaram dúvidas sobre as provas.

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“As ‘provas’ contra Abrego Garcia consistiam em nada mais do que seu boné e moletom do Chicago Bulls, e uma alegação vaga e não corroborada de um informante confidencial, alegando que ele pertencia à facção ‘Western’ da MS-13 em Nova York — um lugar onde ele nunca morou”, escreveu a juíza Paula Xinis, que supervisiona os esforços para trazer Abrego Garcia de volta aos Estados Unidos.

Durante a entrevista à ABC News, Trump também argumentou que as mãos tatuadas do salvadorenho eram evidência de seus laços com gangues. Embora ele tenha tatuagens, especialistas em gangues não as conectaram com símbolos da MS-13.

Ameaça com Uganda

Autoridades americanas, desde então, trocaram as acusações. Desta vez, sugerem deportá-lo para a Costa Rica – assim como El Salvador, um país de língua espanhola na América Central – se ele se declarar culpado do crime de transportar imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos, de acordo com seus advogados. Sem uma declaração de culpa, ele poderia ser transferido para Uganda, um país do leste da África que é “muito mais perigoso”, afirmou sua equipe de defesa em documentos judiciais apresentados no sábado.

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Abrego se declarou inocente, mas seus advogados admitiram ter iniciado negociações com o governo para possivelmente evitar a expulsão para Uganda. A defesa também pede que o juiz responsável pelo caso rejeite as acusações, afirmando que seu cliente foi processado de forma “vingativa e seletiva” — uma retaliação da Casa Branca devido à contestação de sua deportação anterior.

A secretária de Segurança Interna de Trump, Kristi Noem, afirmou que o governo americano ainda o considera um criminoso perigoso e um infrator da lei de imigração, chamando-o de “monstro” que foi libertado por “juízes ativistas de esquerda”.

Ativistas realizaram uma vigília de oração em apoio a Abrego nesta manhã em frente ao escritório regional de Baltimore, pouco antes de sua reunião agendada com o ICE, polícia de imigração americana.

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