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Democrata passa noite no Capitólio do Texas em protesto contra votação pró-Trump

A deputada estadual democrata Nicole Collier passou a noite no Capitólio do Texas em protesto à monitoração policial de parlamentares que boicotaram uma polêmica votação que poderá redesenhar o mapa eleitoral dos Estados Unidos, informou a agência de notícias Reuters nesta terça-feira, 19. No início deste mês, cerca de 50 deputados democratas fugiram do Texas para atrasar uma votação de redistritamento, pressionada pelo presidente Donald Trump, que pode render mais cinco assentos aos republicanos na Câmara dos EUA.

O grupo passou duas semanas fora do estado, viajando para Illinois e Nova York, na tentativa de atrapalhar os planos de Trump. Os parlamentares conseguiram ganhar tempo para que o governador da Califórnia, Gavin Newsom, conseguisse lançar uma campanha de redistritamento no estado. Com a proposta, as cadeiras ganhadas pelos republicanos no Texas poderiam ser neutralizadas por novos assentos democratas na Califórnia. Na ocasião, Newson mandou um recado a Trump: “Você provocou o urso e nós revidaremos”, prometeu.

Após o retorno dos deputados ao Texas, o presidente da Câmara do estado, Dustin Burrows, anunciou nesta segunda-feira, 18, que os democratas que deixaram o estado só teriam permissão para deixar o plenário se aceitassem a escolta de agentes do Departamento de Segurança Pública do Texas, que obrigariam que os políticos comparecessem às próximas sessões. Ainda que irritados, muitos parlamentares do partido cederam à pressão e concordaram.

Mas Collier, Gene Wu e Vince Perez, também democratas, se recusaram e permaneceram no Capitólio em protesto, levando frutas cristalizadas e macarrões instantâneos para passar a noite. Após a sessão de segunda-feira, Collier fez ligações e deu entrevistas, inclusive para a Reuters, na qual afirmou: “O que importa para mim é garantir que eu resista, lute e reaja”, acrescentando: “”Eles estão tentando nos silenciar. E não podemos. Se permitirmos que façam isso, o que conhecemos como liberdade se perde. Se continuarmos a permitir que nos pisem… Não sei o que resta para a América.”

Em resposta, Burrows pontuou que “a decisão da Deputada Collier de permanecer e não assinar a autorização está dentro dos seus direitos, de acordo com o Regimento Interno”. Ele disse que continuará a dedicar seu “tempo à aprovação da importante legislação sobre o pedido de reforma da segurança do acampamento, da reforma do imposto predial e da eliminação do teste STAAR — os resultados com os quais os texanos se importam.”

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Plano de redistritamento

Para que a Câmara do Texas vote uma medida, ao menos dois terços de seus 150 membros precisam estar presentes. Sem os 50 democratas, não é possível dar início à votação. A transformação do mapa do Congresso, segundo os deputados do partido, é uma rendição “covarde” às vontades do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Embora o redistritamento seja estadual, afeta a composição da Câmara dos Representantes dos EUA. O partido que tiver maioria nos legislativos estaduais redesenha os distritos eleitorais e, com isso, pode aumentar as chances de reeleição do presidente no poder. No momento, os republicanos já detêm 25 das 38 cadeiras do Congresso do Texas. Com as mudanças, os democratas perderiam Austin, Dallas e Houston e arredores, bem como de dois distritos no sul do Texas que são republicanos, mas estão perto da tomada de controle democrata.

As modificações no mapa ocorrem a cada dez anos com base no censo. O último ocorreu em 2021, há quatro anos, em razão do atraso da liberação dos números devido à pandemia de Covid-19. Não é comum que um novo processo tenha início no meio da década — Abbot, contudo, é aliado de Trump, que pede para que o processo de redesenho saia do papel o quanto antes para possibilitar a manutenção da estreita maioria republicana na Câmara dos EUA.

Para levar à cabo as alterações, legisladores republicanos realizaram três audiências para ouvir os eleitores sobre o assunto. As sugestões de mapas, no entanto, não foram apresentadas nos encontros. Ou seja, na prática, os eleitores não sabiam exatamente sobre o que estavam opinando. Na semana passada, os republicanos do Texas divulgaram uma proposta de redistritamento que pode abrir espaço para a conquista de mais cinco assentos nas eleições de meio de mandato do próximo ano, quando normalmente o partido governista perde representação no Congresso. As tensões aumentaram no sábado, 2, depois de um comitê da Câmara local aprovar novos mapas.

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