A Deloitte, administradora judicial do Grupo VGB — controlador das marcas de moda Siberian e Crawford — solicitou à Justiça de São Paulo a decretação de falência da companhia. O grupo entrou em recuperação judicial em março de 2025, após anos de tentativas frustradas, incluindo a convocação parcial de credores e a não apresentação das certidões negativas de débitos exigidas por lei. Segundo o Tribunal de Justiça, as empresas têm adotado argumentos protelatórios para justificar a ausência de regularização fiscal, como atrasos na análise de pedidos pelo Fisco Federal e perda de prazo para adesão ao parcelamento estadual. Os passivos tributários ultrapassam 355 milhões de reais, e, segundo a Deloitte, não houve interesse em regularizar os débitos, mesmo diante de descontos expressivos. “Não há justificativas para inércia de quase 3 anos do Grupo VGB”, diz a Deloitte.
O plano de recuperação previa o pagamento de créditos trabalhistas de até 7 mil reais para 286 ex-funcionários, que somavam 629 mil reais. No entanto, apenas quatro pagamentos foram comprovados dentro do prazo, sendo que dois foram estornados. A Deloitte também aponta que o grupo não envia há muito tempo a documentação contábil necessária para os relatórios mensais.
Desde março de 2023, o Grupo VGB reduziu drasticamente sua operação, passando de 18 lojas para apenas uma unidade — a sede administrativa e outlet em São Paulo — e cortando seu quadro de colaboradores de 136 para 21 pessoas. Em maio de 2025, o fluxo de caixa foi praticamente neutro, com entradas de 204,7 mil e saídas de 204,9 mil reais, enquanto o valor em atraso com fornecedores já somava 9 milhões de reais em setembro de 2024. A Deloitte afirma ainda que não recebeu os honorários de 3,3 milhões de reais, apesar de decisão judicial que determinava o pagamento até setembro.