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Delegados de polícia criticam projeto antimáfia discutido no governo Lula

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol-BR) criticaram os rumos da discussão de um projeto de lei “antimáfia” no governo Lula, ainda não enviado ao Congresso. 

As categorias dizem ver com preocupação principalmente a possível criação de uma “agência antimáfia”, em que pese a ideia ter perdido força no Executivo e o texto possa chegar ao Legislativo sem a previsão de estruturação desse novo órgão.

“Apesar de ainda não haver divulgação oficial do texto do projeto, é temerosa a importação de tipos penais e nomenclaturas utilizadas em outros países, muitas vezes não adequadas aos problemas que afligem o Brasil”, afirmam as associações em nota.

Para as entidades de delegados da PF e das polícias dos estados, a importação de tipos penais onde a atuação de máfias é notória “pode gerar graves equívocos relacionados à sobreposição de condutas típicas, o que dificultará o enquadramento na prática e a punição dura e efetiva dos envolvidos”. 

“O conceito de máfia não é tipicamente utilizado em nosso país e a introdução forçada dessa nomenclatura ou expressão similar pode suscitar dúvidas interpretativas sérias, capazes de interferir na efetiva aplicação da lei”, argumentam.

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As críticas das associações se encaixam em um contexto de confronto com o Ministério Público em relação às competências investigativas de cada órgão.

“A ADPF e a ADEPOL-BR ressaltam que a matriz da persecução penal brasileira outorga às Polícias Judiciárias a atribuição investigativa, sob a presidência de Delegados de Polícia Civis e Federais”, dizem. “Por isso, qualquer proposta de solução que a desrespeite é inviável e inconstitucional.”

De acordo com as duas entidades, não há dúvida sobre a necessidade de um enfrentamento efetivo à criminalidade organizada, “com a criação de mecanismos que tornem as investigações mais céleres e eficazes, assegurem a descapitalização das facções criminosas e que dificultem suas redes de comunicação e comando a partir de unidades prisionais”.

“Essas ações, entretanto, somente alcançarão resultados concretos se vierem acompanhadas do fortalecimento dos órgãos investigativos: as Polícias Civis e a Polícia Federal”, afirmam.

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