Apontado como líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, negou qualquer participação no assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, morte a tiros de fuzil na noite de segunda-feira, 15, em Praia Grande, litoral paulista.
Em duas notas enviadas pela defesa, há citação de que é “inverossímil e descabido” supor que alguém em prisão com condições rigorosas teria participado de eventos externos, “muito menos de tamanha gravidade”. “É público e notório que Marco encontra-se preso desde 2019 em uma Penitenciária Federal de Segurança Máxima, sob monitoramento ininterrupto, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano”, cita em trecho da nota (leia íntegra abaixo).
A nota segue dizendo que “a insistência em relacionar seu nome a esse episódio lamentável carece de qualquer fundamento lógico ou jurídico, servindo apenas para alimentar narrativas midiáticas distorcidas e prejudiciais”. Desde o assassinato do ex-delegado-geral, que atuava atualmente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, uma força-tarefa do governo de São Paulo foi montada para capturar os criminosos.
Em 2019, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmou em denúncia que a ordem para matar Fontes teria partido de Marcola diante das transferências da cúpula da facção para presídios federais. Marcola e outros 21 membros estavam no interior de São Paulo e deixaram o estado. À época, reportagem de VEJA trouxe detalhes da investigação envolvendo a trama para matar o então delegado-geral da gestão de João Doria (à época no PSDB). Na ocasião, uma carta havia sido encontrada com um aliado de Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, com a determinação de executar Fontes em retaliação à transferência dos líderes do PCC. No fim do manuscrito, assinado pela Sintonia Geral (a cúpula da facção): “Se não for concluída cada missão, a cobrança com nossos irmãos será à altura pagando com a própria vida”, diz o texto, na transcrição literal. Os Outros dois alvos seriam também da Polícia Civil paulista.
Leia íntegra da nota enviada pelo advogado Bruno Ferullo:
A defesa de Marco Willians Herbas Camacho vem a público repudiar veementemente a tentativa de atribuir ao custodiado qualquer participação no trágico assassinato do delegado Ruy Ferraz Fontes.
É público e notório que Marco encontra-se preso desde 2019 em uma Penitenciária Federal de Segurança Máxima, sob monitoramento ininterrupto, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano.
Nesse contexto, é absolutamente inverossímil e descabido supor que alguém privado de liberdade em tais condições rigorosas possa estar envolvido em fatos externos, muito menos de tamanha gravidade. A insistência em relacionar seu nome a esse episódio lamentável carece de qualquer fundamento lógico ou jurídico, servindo apenas para alimentar narrativas midiáticas distorcidas e prejudiciais.
A defesa reafirma seu compromisso com a verdade dos fatos e reitera que toda e qualquer tentativa de vincular Marco Willians Herbas Camacho a esse crime é infundada, injusta e irresponsável.
Leia íntegra da nota enviada pelo advogado Felipe Kirchner Bello:
A defesa de Marco Willians Herbas Camacho vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à matéria veiculada pelo site Veja, intitulada “MP-SP apontou ordem de Marcola para matar delegado-geral em 2019”, que de forma leviana e irresponsável tenta atribuir ao custodiado qualquer participação no trágico assassinato do ex-delegado da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes. Cumpre esclarecer, de forma inequívoca, que Marco encontra-se preso desde 2019 em uma Penitenciária Federal de Segurança Máxima, submetido ao regime mais rigoroso de encarceramento previsto no ordenamento jurídico brasileiro. Nessa condição, está sob monitoramento ininterrupto e vigilância integral, 24 horas por dia.
Nessas circunstâncias, é materialmente impossível que tenha mantido qualquer contato com o mundo exterior para participar, ordenar ou influenciar a prática de crimes. A matéria em questão, ao insinuar a existência de uma suposta carta atribuída a Marco, incorre em grave falha jornalística ao divulgar conteúdo sem comprovação de autenticidade e sem qualquer respaldo pericial. Em um Estado Democrático de Direito, acusações dessa gravidade não podem se sustentar em meras conjecturas, rumores ou documentos apócrifos sem origem identificada, sob pena de grave violação ao princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5o, inciso LVII, da Constituição Federal).
Importa registrar que, em casos como o presente, apenas a prova pericial grafotécnica poderia atestar a autoria de qualquer documento atribuído a um investigado. Portanto, a alegação publicada não passa de uma narrativa especulativa, incapaz de produzir qualquer efeito jurídico ou de sustentar a responsabilização de um cidadão.
Além disso, a insistência em relacionar o nome de Marco Willians Herbas Camacho a episódios de grande repercussão midiática, sem base fática ou probatória, serve apenas ao sensacionalismo, alimentando o estigma social de um custodiado que já se encontra há anos sob severo regime de isolamento. Tal prática não contribui para o esclarecimento da verdade, tampouco para a construção de uma imprensa livre, responsável e comprometida com a informação de qualidade. A defesa reafirma seu compromisso com a verdade e com o respeito ao devido processo legal, e alerta que matérias como esta não apenas deturpam a realidade, mas também ferem a dignidade da pessoa humana, expondo o custodiado e seus familiares a julgamentos precipitados da opinião pública.
Por fim, reiteramos que toda e qualquer tentativa de vincular Marco Willians Herbas Camacho ao homicídio do delegado Ruy Ferraz Fontes é infundada, injusta e irresponsável. O caso exige investigação séria, técnica e independente, e não deve ser reduzido a narrativas sem lastro probatório que apenas perpetuam desinformação.