Não é algo raro que filhos busquem inspiração nos pais e perdurem tradições familiares. Neste caso, os valores transmitidos de geração em geração possuem cheiro e sabor. Para comemorar o Dia dos Pais, a coluna GENTE selecionou algumas histórias de chefs de cozinha que continuaram o legado dos genitores.
Nascido em Nova York, o chef Sei Shiroma é um exemplo da fusão entre culturas e sabores. Filho de mãe chinesa e pai japonês, cresceu em Manhattan, onde os pais tinham um restaurante, o que plantou as sementes de sua paixão pela gastronomia. Após uma carreira na publicidade, ele decidiu se reinventar no Brasil e hoje, além da Ferro e Farinha (@ferroefarinha), comanda o Suibi (@suibi.restaurant), restaurante japonês no Leblon, que resgata o fundado pelo pai Atsuo “Mike” Shiroma em Nova York. “Tudo começou dentro do Suibi, em Nova York, onde aprendi com meu pai a entender melhor o paladar, ingredientes e, principalmente, com as emoções que a comida desperta. A cozinha do Suibi era nossa segunda casa — uma escola onde falávamos sobre sabores, negócios, psicologia das pessoas, do restaurante, tanto de clientes quanto da equipe que trabalhava lá. Foi ali que nasceram muitas ideias e aprendizados para a vida”, conta Sei.
O catalão Oscar Bosch, chef à frente dos restaurantes Cala del Tanit (@caladeltanit), Tanit (@restaurantetanit) e NIT Bar de Tapas (@nit_bardetapas), em São Paulo, nasceu em uma família de cozinheiros. Seus avós fundaram, em 1969, o Can Bosch (@canbosch), um bar de pescadores, na cidade litorânea de Cambrils, na Espanha. Onze anos depois, o bar se transformou em restaurante, e passou a ser comandado pelo pai de Oscar, Joan Bosch Font. Com uma estrela Michelin desde 1984, o Can Bosch se tornou o centro da vida familiar, segundo Oscar, um verdadeiro elo entre todos. “Chegava da escola e meu pai estava no restaurante me esperando. No Natal, quando o restaurante fechava para as férias de inverno, a família inteira almoçava lá. Isso, de certa forma, acabou me influenciando e me levando naturalmente para essa profissão. Comecei como barista, depois fui ganhando mais responsabilidades. Passei pela cozinha, ajudando a secar pratos e talheres, a lavar louça e, quando me dei conta, já estava comandando uma praça. Fiz estágios fora, mas sempre voltava para o Can Bosch. Com o tempo, percebi que me formei como um cozinheiro autodidata”, conta Oscar.
Nascido em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, o chef Felipe Caran cresceu entre panelas, histórias e sabores herdados do pai e sua família multicultural — é neto de espanhóis e portugueses por parte de pai, e de libaneses e indígenas pelo lado materno. Desde cedo, Felipe esteve envolvido com o restaurante de seu pai, João Vizcaino, chef e dono do tradicional Dom Pepe em Mogi das Cruzes, um restaurante especializado em culinária espanhola e frutos do mar. Aos nove anos, Felipe já ajudava o pai na cozinha, preparando pratos como camarão e lula, para servir aos clientes. “Sempre me inspirei nestas raízes para cozinhar. Meu pai e minha família me ensinaram muito”, conta Felipe. Após oito anos fora do Brasil, ele retornou em 2015 com o objetivo de transformar a Casa do João (@casadojoaorest), o novo restaurante do pai em Bonito (MS), em um restaurante de referência no Mato Grosso do Sul. Reformulou o cardápio, ampliou o espaço e passou a aplicar ali a sua bagagem conquiatada em experiências internacionais.
A cozinheira Giovanna Grossi, que comanda o Animus (@animusrestaurante) e A Casa da Esquina (@a.casadaesquina), em São Paulo, cresceu dentro dos restaurantes dos pais. “Meu pai teve de tudo um pouco: confeitaria, pizzaria, bar, discoteca, pastelaria. Desde antes de eu nascer, ele já estava no ramo”, conta. Foi um conselho do pai após ela terminar o colégio, que a levou a descobrir a paixão pela cozinha. E é ele quem continua sendo uma espécie de farol. Mesmo sem ter sonhado com a profissão desde criança, Giovanna reconhece que talvez o simples fato de ter crescido naquele ambiente já deixava tudo encaminhado.
