Há noites em que o tapete vermelho parece coreografado por um inconsciente fashion e, que, invariavelmente acaba lançando uma tendência. No Governors Awards, pré-Oscar, essa dança ficou evidente: é tempo de cintura marcada. Estrelas como Jennifer Lopez, Elle Fanning e Ariana Grande atravessaram o salão com looks que pareciam moldar o corpo em movimento, em uma sucessão de truques de construção, textura e proporção que mostraram como a moda pode esculpir mais do que vestir.
Do desenho do vestido ao corte preciso, tudo ali trabalhava a favor da silhueta. Modelagens que afunilavam suavemente no centro e abriam em caimento fluido criaram uma falsa “ampulheta” mesmo em peças minimalistas como o vestido Gucci rosa de Elle Fanning e designs que acompanham a curva natural do corpo, marcando a cintura com delicadeza, como o modelo de Jennifer Lopez, assinado por Tamara Ralph, e o branco de leve transparência da Maison Margiela usado por Anya Taylor-Joy.
O plissado também ganhou força. Em peças que começavam com dobrinhas miúdas e que se expandiam em direção à saia, trouxe aquele efeito óptico certeiro: quanto mais estreita a base do plissado, mais “fechada” parecia a área central do look. É como se o movimento natural das pregas, ao abrir e fechar, desenhasse a silhueta em tempo real como no modelo vermelho da Tabja vestido por Lana Condor, o lindo Valentino ostentado por Dakota Johnson e o belo Dior de Ariana Grande.
Os cintos — da faixa de cetim ao couro estruturado — reinaram dentro dessa proposta. Eles funcionaram como sublinhados visuais, não apenas marcando a divisão entre tronco e quadril, mas criando um ponto de tensão que organizava todo o look. Zoey Deutch, de Thom Browne, Cynthia Erivo, de Givenchy e Lucy Liu, de Zuhair Murad acertaram e cheio. Quanto mais contrastante o material ou a cor, maior o impacto; quanto mais delicado o acabamento, mais natural a moldura.
Houve espaço até para o peplum, recém-descoberto pelas estrelas. Com volume calculado logo acima dos quadris, ele joga a proporção para cima e evidencia ainda mais a cintura — um truque antigo que, quando revisto com linhas limpas, entrega frescor e sofisticação. Nesta noite, destaque para o branco bailarina da Louis Vuitton usado por Chase Infiniti e o moderno Dior, desenhado por Jonathan Anderson, de Mia Goth.
No fim, a noite mostrou que marcar a cintura é uma espécie de poesia silenciosa entre corpo, tecido e intenção. Quando bem orquestrados, esses truques não escondem nem transformam: apenas revelam a beleza de estar confortável dentro da própria forma. Porque, no tapete vermelho ou fora dele, é sempre ali — no centro — que a história começa.
Veja os looks:










