Os níveis de fome extrema dispararam em 13 pontos críticos no mundo, revelou um relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA) nesta segunda-feira, 16. Faixa de Gaza, Sudão, Sudão do Sul, Haiti e Mali estão entre os locais em risco imediato de fome generalizada caso não haja intervenção humanitária urgente, apontou a pesquisa “Pontos críticos de fome”.
“Este relatório é um alerta vermelho. Sabemos onde a fome está aumentando e sabemos quem está em risco”, disse a Diretora Executiva do PMA, Cindy McCain. “Sem financiamento e acesso, não podemos salvar vidas.”
Para que a fome seja declarada, ao menos 20% da população de um território precisa sofrer com escassez de alimentos, além de 30% das crianças estarem sofrendo de desnutrição grave e duas pessoas em cada 10.000 estejam morrendo diariamente de fome, desnutrição ou doenças correlacionadas — a falta de uma alimentação equilibrada leva ao enfraquecimento do sistema imunológico.
O relatório atribuiu a escalada da fome a guerras, problemas econômicos e mudança climática nos países afetados. Com isso, estima-se que crises alimentares serão registradas nos próximos cinco meses. Para que o panorama não seja agravado, o documento apela para o aumento de investimentos para impulsionar o fluxo de ajuda humanitária, sob risco por insegurança e falta de financiamento.
“Proteger as fazendas e os animais das pessoas para garantir que elas possam continuar produzindo alimentos onde estão, mesmo nas condições mais difíceis e adversas, não é apenas urgente – é essencial”, afirmou o diretor-geral da FAO, QU Dongyu.
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Áreas críticas
Em Gaza, a escalada de violência das operações militares israelenses somada ao bloqueio parcial de ajuda humanitária levou toda a população do enclave — estimada em 2,3 milhões antes da guerra — a enfrentar insegurança alimentar aguda, com quase meio milhão em risco de fome até o final de setembro, diz o relatório. Em maio, um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiado pela ONU, já havia alertado que o enclave palestino estava em “risco crítico” de fome e registrava “níveis extremos de insegurança alimentar”.
No Sudão, onde a fome foi confirmada no ano passado, a situação se agrava devido à turbulência política e guerra civil. Há, segundo o estudo da FAO e do PMA, quase 25 milhões pessoas em risco. O Sudão do Sul, por sua vez, foi atingido por inundações e está imerso numa instabilidade política. Acredita-se que, lá, até 7,7 milhões de pessoas poderão ser alvo de uma crise alimentar, com 63.000 em condições semelhantes à fome.
A disparada da violência de gangues deslocou milhares de pessoas no Haiti, com 8.400 já enfrentando fome catastrófica. No Mali, país na África Ocidental, conflitos e os altos preços dos grãos colocaram 2.600 pessoas em risco de fome até o final de agosto. Iêmen, República Democrática do Congo, Mianmar e Nigéria também estão no centro das preocupações do relatório, enquanto Etiópia, Quênia e Líbano mostraram melhorias e foram removidos da lista de Pontos Críticos de Fome.