Condenada a 20 anos de prisão por envolvimento no esquema de tráfico sexual do financista Jeffrey Epstein, Ghislaine Maxwell afirmou, por carta enviada por seus advogados nesta terça-feira, 29, que está disposta a depor ao Congresso dos Estados Unidos — desde que uma lista de exigências seja atendida. A socialite britânica pediu imunidade judicial, acesso antecipado às perguntas e até clemência presidencial como condição para testemunhar.
Em documento enviado ao presidente do Comitê de Supervisão da Câmara, o republicano James Comer, Maxwell exige que a audiência não ocorra no presídio federal de Tallahassee, na Flórida, onde cumpre pena desde 2021, e que só seja realizada após o julgamento de um recurso apresentado à Suprema Corte e de um futuro pedido de habeas corpus. Ela também afirma que não responderá a perguntas-surpresa.
A carta ainda faz um apelo explícito a Donald Trump por clemência. “Caso receba o perdão, ela está disposta — e ansiosa — para testemunhar publicamente e com transparência em Washington”, escreveu o advogado David Markus. O pedido é estratégico. Trump, que nomeou três dos juízes atualmente na Suprema Corte, tem sido cobrado por não cumprir a promessa de abrir toda a verdade sobre o caso Epstein.
Segundo a defesa, a convocação da ex-socialite, feita pelo Comitê para agosto, é “inaceitável” nas atuais circunstâncias. “Testemunhar da prisão, sem garantias legais mínimas, são pontos de partida impossíveis”, argumentou Markus. A orientação inicial era para que Maxwell invocasse a Quinta Emenda — o direito de permanecer em silêncio para não produzir provas contra si mesma.
O Comitê de Supervisão da Câmara já rejeitou publicamente a ideia de conceder imunidade. “Não consideramos dar imunidade parlamentar a alguém que pode ter participado de tráfico sexual de crianças”, disse uma porta-voz.
Ainda assim, o tom da carta indica disposição para negociação. “Após uma reflexão mais cuidadosa, gostaríamos de encontrar uma forma de cooperar com o Congresso, desde que exista um caminho seguro e justo”, escreveu a defesa.
O caso voltou ao centro do debate político nos Estados Unidos neste mês, depois que o Departamento de Justiça se recusou a liberar novos documentos relacionados ao processo, contrariando promessas feitas pelo próprio Donald Trump. A decisão irritou parlamentares democratas e republicanos — inclusive entre apoiadores do presidente — e aumentou a pressão por transparência.