O furacão Melissa tocou o solo de Cuba na madrugada desta quarta-feira, 29, após deixar um rastro de destruição na Jamaica, país que autoridades locais designaram como uma “área de desastre”. Ao menos 735 mil pessoas deixaram suas casas em busca de abrigo, segundo o governo cubano, enquanto aguardam a passagem da tempestade agora rebaixada da categoria 5, a máxima, para 3 na escala Saffir-Simpson.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) informou que Melissa, descrito como um “furacão extremamente perigoso”, enfraqueceu antes de atingir a província de Santiago de Cuba, na costa sul da ilha, com ventos máximos sustentados de 195 km/h.
Habitantes de regiões litorâneas deixaram suas casas com a aproximação do furacão, e autoridades locais declararam “estado de alerta” em seis províncias do leste. Cubanos relataram à agência de notícias AFP terem feito estoques de alimentos, velas e baterias desde a segunda-feira 27.
+ Vídeo: caçadores de tempestades fazem voo dentro do olho do furacão Melissa
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou que “diversas brigadas” foram posicionadas no leste do país para auxiliar nos esforços de recuperação, segundo o jornal estatal Granma, e admitiu que “será uma noite muito difícil”.
“Já existem brigadas especializadas em eletricidade, recursos hídricos, comunicações e construção que trabalharão em conjunto com as forças de segurança em cada território, nos esforços de recuperação”, afirmou Díaz-Canel. “Sabemos que este furacão causará muitos danos. Teremos plena capacidade para recuperar a produção de alimentos, reconstruir as casas destruídas ou danificadas, retomar a economia e também revitalizar os principais processos produtivos e sociais do país.”
As autoridades do Haiti, a leste de Cuba, também já ordenaram o fechamento de escolas, comércios e repartições públicas nesta quarta.
Destruição na Jamaica
O furacão Melissa atingiu a Jamaica como um furacão de categoria 5 por volta do meio-dia de terça-feira, com ventos de até 295 km/h, o mais poderoso a atingir a ilha na história. A tempestade levou horas para atravessar a pequena nação insular, primeiro enfraquecendo e, em seguida, voltando a se intensificar.
O primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, declarou o país inteiro como “área de desastre” e as autoridades orientaram habitantes a permanecerem abrigados devido às contínuas inundações e ao risco de deslizamentos de terra. Em entrevista à emissora americana CNN após o furacão, Holness afirmou que seu governo não havia recebido nenhuma confirmação de mortes relacionadas à tempestade, mas, dada a força do Melissa e a extensão dos danos, “esperamos que haja alguma perda de vidas”.
A dimensão dos danos na Jamaica ainda não ficou clara. Uma avaliação completa pode levar dias, uma vez que grande parte da ilha continua sem energia elétrica e as redes de comunicação foram gravemente afetadas. O ministro do governo local, Desmond McKenzie, informou que vários hospitais foram danificados, inclusive em Saint Elizabeth, um distrito costeiro que, segundo ele, ficou “submerso”.
“Os danos em Saint Elizabeth são extensos, com base no que vimos. Saint Elizabeth é o celeiro do país e foi duramente atingida. Toda a Jamaica sentiu o impacto de Melissa”, disse ele em coletiva de imprensa. “Em todo o país, quase todas as paróquias estão sofrendo com estradas bloqueadas, árvores e postes de energia elétrica caídos, além de inundações em muitas comunidades. A Jamaica passou pelo que eu posso chamar de um de seus piores períodos.”
Mudanças climáticas
O furacão chegou ao litoral jamaicano com ventos mais fortes do que muitas das tempestades mais intensas da história recente, incluindo o Katrina, de 2005, que devastou a cidade americana de Nova Orleans. Meteorologistas da AccuWeather afirmaram que o Melissa foi o terceiro fenômeno do tipo mais intenso já observado no Caribe — depois do Wilma, em 2005, e do Gilbert, em 1988.
De acordo com cientistas, furacões, bem como outros fenômenos climáticos, estão se tornando mais intensos e frequentes devido ao aquecimento das águas oceânicas, fruto das mudanças climáticas. Melissa é a 13ª tempestade a ganhar nome nesta temporada de furacões no Atlântico, que vai de 1º de junho a 30 de novembro. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA previu uma temporada acima do normal, com 13 a 18 tempestades poderosas e, portanto, batizadas.