A escalada de tensão entre Estados Unidos e Venezuela, após sanções e ataques a embarcações associadas ao regime de Nicolás Maduro, colocou o governo brasileiro diante de um dilema diplomático delicado. A avaliação é do editor José Benedito da Silva, em análise no Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal (este texto resume trechos do vídeo acima).
Segundo ele, o Brasil se vê numa posição desconfortável: ao mesmo tempo em que mantém diálogo com Caracas, depende de Washington para aliviar tarifas que ainda atingem produtos brasileiros e enfrenta a pressão de um cenário internacional cada vez mais conflagrado.
Por que a situação preocupa o governo brasileiro?
Marcela relata que conversou com Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, que classificou o movimento americano como motivo de “grande preocupação”. O problema central, segundo a análise, é que o presidente Donald Trump não demonstra interesse em mediação.
A posição dos Estados Unidos, nessa leitura, é clara: Trump quer a saída de Nicolás Maduro do poder e afirma que o regime financia atividades criminosas e terroristas com recursos do petróleo venezuelano. Nesse contexto, qualquer tentativa de intermediação tende a ser ignorada por Washington.
Qual é o papel possível do Brasil nesse conflito?
Apesar das dificuldades, José Benedito afirma que Brasil e Lula são, hoje, os interlocutores mais qualificados do continente para dialogar com o regime venezuelano. Mesmo com relações menos próximas do que no passado, o governo brasileiro ainda mantém canais abertos com Caracas.
Além disso, o Brasil possui peso político, econômico e geopolítico suficiente para ser ouvido tanto por Maduro quanto por atores internacionais. Outros líderes da região, como Gustavo Petro, na Colômbia, ou Javier Milei, na Argentina, não teriam a mesma capacidade de articulação, segundo a análise.
Lula quer assumir esse protagonismo?
A avaliação é que Lula provavelmente não gostaria de carregar esse ônus adicional. O presidente enfrenta uma agenda interna carregada, desafios econômicos, disputas no Congresso e o início precoce do debate eleitoral de 2026.
Ainda assim, José Benedito considera difícil que o Brasil escape desse papel. A crise com a Venezuela acabou se tornando mais um “abacaxi” que cairá no colo do presidente, independentemente de sua vontade.
A escalada militar tem chance de recuo?
Para o editor, a escalada não parece ter volta. Ele avalia que os Estados Unidos devem ir “até o fim” na tentativa de enfraquecer ou derrubar o governo Maduro. Embora Trump faça acusações graves — como a de que Maduro chefia organizações de narcotráfico —, o grau de evidências públicas apresentadas ainda é pouco claro.
Mesmo assim, a convicção do governo americano parece consolidada, o que reduz o espaço para soluções negociadas no curto prazo.
Quais os impactos na política interna brasileira?
José Benedito alerta que a crise pode se tornar mais um elemento de polarização interna. A relação de Lula com Maduro tende a ser explorada politicamente, reforçando discursos de que o presidente brasileiro seria “amigo de ditadores”.
Esse tema, segundo ele, tem potencial para se transformar em munição eleitoral, ampliando divisões ideológicas e criando dificuldades adicionais para Lula em uma eventual tentativa de buscar um novo mandato.
Por que a crise é especialmente ruim para Lula?
A análise conclui que o episódio reúne fatores negativos para o presidente: pressão internacional, risco econômico, desgaste diplomático e impacto direto no debate eleitoral. Ao se ver forçado a lidar com a crise venezuelana, Lula entra em um terreno que pode ampliar resistências internas e reforçar narrativas adversárias — justamente num momento em que o país já se encontra politicamente dividido.
VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Ponto de Vista (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.