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Crise com o Congresso: Lula tem uma faca no pescoço, mas também uma na mão

A crise entre o governo Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, escalou após a nota dura divulgada pelo senador no fim de semana. No texto, Alcolumbre rechaça qualquer insinuação de fisiologismo na articulação da indicação de Jorge Messias ao Supremo e sustenta que o Senado não aceitará interferências do Executivo — incluindo a demora do Planalto em enviar formalmente o nome do advogado-geral da União para a Casa. O tema foi pauta no programa Ponto de Vista desta segunda, 1º, apresentado por Marcela Rahal (confira o vídeo acima).

Para o repórter do Radar, Nicholas Shores, entrevistado no programa, o cenário é de tensão real, mas não necessariamente de ruptura. “Lula está com a faca no pescoço, mas tem também uma faca na mão”, afirmou. “É um político muito experiente, que opera num tempo totalmente diferente dos ciclos instantâneos das redes sociais. Ele já navegou crises bem mais complexas do que esta.”

O rompimento institucional entre Alcolumbre e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, é visto como um obstáculo relevante para a aprovação de Messias. Ainda assim, Shores pondera que o presidente pode ter margem para desarmar o conflito até a sabatina, marcada para 10 de dezembro. “Em Brasília, nove ou dez dias podem ser uma eternidade, dependendo dos acordos que se façam nesse intervalo.”

O risco de derrota histórica

Na avaliação do repórter, Alcolumbre buscou reafirmar prerrogativas do Senado, mas também elevou o tom num ponto que guarda simbolismo: a possibilidade de rejeitar o indicado do presidente. “Ele escreve na nota que é prerrogativa do Senado aprovar ou rejeitar. Mas a última vez em que isso aconteceu foi no século XIX”, lembrou Shores.

Desde o início da República, nenhum presidente teve um nome recusado para o Supremo. “Seria um episódio humilhante para Messias e para Lula — mas, sobretudo, para o presidente”, observou.

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Essa dimensão histórica torna a crise mais sensível, especialmente num momento em que o governo trabalha para aprovar o Orçamento e a LDO antes do recesso. Uma rejeição inédita teria repercussão política e institucional considerável.

Crise verdadeira, mas ainda em aberto

Mesmo reconhecendo a gravidade da situação, Shores evita diagnósticos definitivos. Para ele, a habilidade política acumulada por Lula em décadas de atuação pode ser decisiva. “É preocupante para o governo que o presidente do Congresso tenha rompido com o líder governista, e que a tensão também se reflita na Câmara. Mas Lula se move em outra cadência, e já demonstrou poder recuperar terreno mesmo após derrotas expressivas.”

Nos próximos dias, a pressão deve aumentar tanto sobre o Planalto quanto sobre Alcolumbre. Com a sabatina à vista e votações importantes em curso, o desfecho da disputa vai depender da velocidade — e da habilidade — com que o presidente atue nos bastidores.

VEJA+IA: Este texto resume um trecho do programa audiovisual Ponto de Vista (confira o vídeo acima). Conteúdo produzido com auxílio de inteligência artificial e supervisão humana.

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