Criador de Mare of Easttown, produção estrelada por Kate Winslet, Brad Ingelsby acaba de lançar Task, sua nova minissérie, agora protagonizada por Mark Ruffalo na pele de um ex-padre que virou agente do FBI e que precisa encontrar o líder de uma quadrilha que vem roubando — e matando — traficantes nos subúrbios da Filadélfia. Em entrevista a VEJA, Ingelsby falou sobre o projeto inédito que está disponível na HBO Max e é exibido na HBO.
Depois do sucesso de Mare of Easttown, o que o fez querer contar a história de Task? Bem, eu moro onde a história se passa. Moro no Condado de Chester, que é vizinho do Condado de Delaware, e senti que ainda tinha mais histórias para contar sobre as pessoas que moram ali e daquele modo de viver. Sempre me interessei em narrar histórias da classe trabalhadora, que raramente vemos retratadas na tela, e isso me empolgava. Eu sabia que não poderia repetir o formato de “quem matou?” porque Mare já era assim. Mas eu queria muito voltar a esse universo, descobrir qual seria a nova história, como contá-la e quem seriam essas pessoas. A empolgação vinha dos personagens, da vontade de narrar suas trajetórias e de adicionar elementos de gênero para tornar essa viagem ainda mais interessante.
O formato de minissérie é mais interessante para quem gosta de saber logo o final. Por que acha que esse formato é bom para contar histórias? Seria um bom meio-termo entre um filme e uma série longa com muitas temporadas? Sim. Acho que esse formato permite desenvolver arcos de personagens mais profundos. É possível levá-los a experiências traumáticas e transformadoras de um jeito que uma série de dez temporadas talvez não conseguisse. Como espectador, você fica em alerta, porque qualquer coisa pode acontecer. Ninguém está realmente seguro. Diferentemente das séries longas, em que você já sabe que os atores principais não vão sair, aqui há risco real — e isso deixa a experiência mais tensa e excitante.
Enquanto criava a história, o que o fez escolher o Mark Ruffalo, um ator que vai da comédia romântica ao Hulk nos cinemas, para interpretar o protagonista? Quando terminei de escrever os episódios e olhei para o personagem do Tom, percebi que ele era um papel difícil: um ex-padre, um homem daquela região específica, um pai, um agente do FBI. Era preciso acreditar em todas essas facetas. Quando você lista essas qualidades, pensa: que ator consegue transmitir tudo isso e ainda ser acessível ao público? Mark Ruffalo estava no topo da lista. Ele é capaz de fazer tudo isso de forma incrível. Assim que defini as características do personagem, o nome dele saltou aos olhos. E sou muito grato por ele ter aceitado.
Os personagens Tom (Mark Ruffalo) e Robbie (Tom Pelphrey) — o líder da quadrilha que assalta traficantes — estão em lados opostos da lei, mas ambos carregam demônios relacionados à perda de suas respectivas esposas. Esse paralelo era algo que queria trazer para a tela? Sim. Mare of Easttown foi uma história sobre mães. Task é sobre pais. Eu queria mostrar o choque entre esses dois homens, mas também revelar, com o avanço da trama, que eles têm mais em comum do que parece. Cada um lida com a dor de forma diferente, mas ambos têm razões ricas para suas escolhas. Isso permite que, quando se enfrentam, exista compreensão, até empatia — eles reconhecem um pouco de si no outro. Esse tema de conexão era fundamental para mim e tornar suas jornadas semelhantes em certos aspectos fortalecia ainda mais essa ideia.
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