O crédito no Brasil avançou em julho, mas continua ofuscado pelo peso das taxas de juros. Segundo o Banco Central, as concessões de empréstimos cresceram 1,2% no mês, levando o estoque total a R$ 6,72 trilhões. O movimento, contudo, ocorre em um ambiente de endividamento elevado e de custos financeiros que figuram entre os mais altos do planeta.
Os financiamentos com recursos direcionados – linhas subsidiadas ou reguladas pelo governo, como crédito rural e habitacional – registraram expansão de 7,4%. Já os recursos livres, onde bancos e clientes negociam diretamente condições e taxas, subiram apenas 0,5%. Essa discrepância mostra como a intermediação privada permanece travada pelo custo do dinheiro: os juros médios no crédito livre estão em 45,4% ao ano, algo quase três vezes superior à já elevada Selic e mais de dez vezes a inflação projetada para 2025.
Não surpreende, portanto, que a inadimplência no segmento livre tenha subido para 5,2% em julho. Famílias e empresas encontram dificuldade para sustentar dívidas em um país onde financiar um carro, parcelar compras ou tomar capital de giro custa, em termos reais, muito mais do que em qualquer economia emergente relevante.
Mesmo com a ligeira queda dos spreads bancários, agora em 31,6 pontos percentuais, o Brasil continua a carregar um sistema de crédito que, em vez de impulsionar o crescimento, funciona como freio. A concentração bancária, a insegurança jurídica e o baixo nível de garantias reais contribuem para que o risco percebido seja elevado, perpetuando taxas proibitivas.