O deputado Zé Trovão (PL-SC) apresentou requerimento à CPMI do INSS pedindo a convocação de Paulo Augusto de Araújo Boudens, homem de confiança do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
No pedido, o parlamentar cita reportagem de VEJA desta semana, mostrando que Paulo Boudens recebeu 3 milhões de reais da Arpar Participação e Empreendimentos entre setembro de 2023 e fevereiro do ano passado.
A empresa é apontada pela Polícia Federal como suspeita de participar do esquema que desviou cerca de 4 bilhões de reais das aposentadorias dos idosos.
Na época em que os pagamentos foram feitos, Boudens ocupava o cargo de assessor parlamentar no gabinete do presidente do Congresso.
No requerimento, Zé Trovão ressalta que a Arpar consta no inquérito da Polícia Federal como uma empresa que foi usada pelo lobista Antonio Carlos Camilo, conhecido por “Careca do INSS” e apontado como principal operador do golpe, para esconder o dinheiro descontado ilegalmente das aposentadorias.
“Conforme a investigação, a Arpar apresentava características típicas de empresa de passagem, com a função de movimentar valores rapidamente, dificultando o rastreamento de sua origem e de seus beneficiários finais”, destacou o parlamentar.
Deputado quer investigar se havia contrato de prestação de serviços
Para o deputado, o vínculo de Paulo Boudens com o senador Alcolumbre reforça a necessidade da convocação. “O fato de um assessor parlamentar de confiança figurar como destinatário de recursos provenientes de empresa investigada lança sérias dúvidas sobre a natureza dessas transações, ensejando a apuração detalhada do eventual nexo entre a atuação política e o esquema de desvios”, diz ele no requerimento.
O parlamentar destacou ainda que o depoimento do ex-assessor será essencial para esclarecer a origem e destinação dos recursos recebidos, para demonstrar a existência ou não de contratos que justifiquem as transferências e ainda a eventual prestação de serviços à empresa.
“Também será oportunidade de verificar se outros agentes públicos ou privados estiveram envolvidos nas mesmas operações financeiras”, enfatiza o pedido.
Paulo Boudens já esteve envolvido em outro escândalo. Em outubro de 2021, VEJA mostrou a participação dele num esquema da rachadinha no gabinete de Davi Alcolumbre. Seis mulheres da periferia de Brasília foram contratadas, recebiam os salários e devolviam parte.
Na época, Boudens assumiu a responsabilidade pela fraude, assinou um acordo de não persecução penal com no Supremo Tribunal Federal, se comprometeu a ressarcir os cofres públicos e a investigação foi arquivada.