O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a Berlim nesta quarta-feira, 13, para encontrar-se com seus homólogos europeus e realizar uma reunião virtual com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com objetivo de dissuadi-lo de fazer concessões extremas à Rússia em sua cúpula com o líder do país, Vladimir Putin, marcada para esta sexta-feira, no Alasca. Zelensky e membros da União Europeia não foram convidados para as negociações.
Representando o time Europa estão o anfitrião, o chanceler alemão, Friedrich Merz, o presidente finlandês, Alexander Stubb, o presidente francês, Emmanuel Macron, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Eles serão acompanhados pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, e pelo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, que vem tido sucesso em cair nas graças de Trump. A presença física de Zelensky tem fim de, segundo os observadores de plantão, dar uma demonstração de unidade.
Do lado americano, também estará o vice-presidente do país, J.D. Vance.
“As conversas se concentrarão em novas opções de ação para pressionar a Rússia”, afirmou o governo alemão.
Antes das reuniões, Zelensky alertou que “é preciso exercer pressão sobre a Rússia em prol de uma paz justa”.
“Esta guerra precisa acabar”, disse ele em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram. “Devemos aprender com a experiência da Ucrânia e de nossos parceiros para evitar decepções por parte da Rússia. Atualmente, não há sinais de que os russos estejam se preparando para encerrar a guerra.”
Última chance
A maratona de conversas começará com consultas internas entre líderes europeus e Zelensky, seguidas por um telefonema com Trump e um balanço da chamada “coalizão dos dispostos” — países que prometeram um apoio reforçado à Ucrânia contra a agressão russa.
Esta será a última chance para os líderes europeus moldarem as ideias que Trump levará na mala para a cúpula no Alasca na sexta-feira, e para enfatizar algumas das “linhas vermelhas” que a Ucrânia traçou. Zelensky já havia dito, por exemplo, que não poderia concordar com a cessão de terras em troca de um cessar-fogo, uma vez que Moscou poderia usar o novo território como trampolim para iniciar uma futura guerra.
Enquanto isso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Alexei Fadeev, descartou as consultas de Trump com os países europeus como “insignificantes”.
Na semana passada, a Rússia indicou pela primeira vez estar preparada para considerar um cessar-fogo — em troca da retirada completa do Exército ucraniano do Donbass, região que compreende Donetsk e Luhansk. Embora Trump tenha sugerido que Moscou e Kiev poderiam realizar uma “troca de territórios” (não há sinal de que Putin vai oferecer algo em troca), Zelensky denunciou que os russos estavam “simplesmente se oferecendo para não avançar mais, para não se retirar de lugar nenhum”. Ele reiterou que trocas não estavam em pauta.
Com a crescente incerteza sobre qual Trump aparecerá para as conversas com Putin no Alasca — aquele que repetidamente disse estar “decepcionado” com o líder russo, ou aquele que quer reatar as relações com Moscou — este pode ser um dos telefonemas mais importantes em anos para o futuro da Europa e da Ucrânia.