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Corpos de palestinos devolvidos por Israel têm sinais de tortura e execução, dizem médicos

Como parte do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, Israel devolveu a Gaza os corpos de noventa palestinos mortos durante os combates, em troca da libertação dos reféns israelenses pelo Hamas. De acordo com relatos de autoridades de saúde do enclave nesta quarta-feira, 15, a análise dos restos mortais mostrou que a maioria deles sofreram tortura e morreram vendados e acorrentados, com tiros na cabeça.

Médicos do hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, receberam os corpos por meio da troca intermediada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CIVC). Eles afirmaram que há evidências substanciais de espancamentos e execuções sumárias, e que não era possível identificar nenhum dos indivíduos.

“Quase todos eles estavam vendados, amarrados e com tiros entre os olhos. Quase todos foram executados”, disse o médico Ahmed al-Farra, chefe do departamento de pediatria do hospital Nasser. “Também havia cicatrizes e manchas descoloridas na pele, mostrando que haviam sido espancados antes de serem mortos. Também havia sinais de que seus corpos foram sido maltratados após a morte.”

O especialista acrescentou que os restos mortais, até então guardados em geladeiras em Israel, foram entregues pelas autoridades israelenses sem identificação por nome, apenas etiquetas numeradas. De acordo com Farra, os hospitais em Gaza, que sofreram com bombardeios ao longo de dois anos de guerra, não possuem meios de fazer análises de DNA.

“Eles sabem a identidade desses corpos, mas querem que as famílias sofram ainda mais”, acusou o médico.

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As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) encaminharam um inquérito sobre as alegações ao Serviço Prisional de Israel.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) investiga acusações de crimes de guerra de ambos os lados no conflito em Gaza, incluindo o assassinato de 15 paramédicos e socorristas palestinos, cujos corpos foram encontrados em uma vala comum em março. Autoridades hospitalares disseram que as vítimas naquele caso tiveram as mãos e os pés amarrados e foram baleadas na cabeça. Os primeiros relatos dos reféns também envolveram alegações de tortura física e psicológica.

A devolução de corpos por parte de Israel e do Hamas provou-se um grande obstáculo à implementação do cessar-fogo que entrou em vigor na última sexta-feira. Nesta semana, Tel Aviv anunciou que restringiria a entrada de ajuda humanitária em Gaza devido a atrasos na entrega dos restos mortais de reféns. Os vinte últimos vivos foram soltos na segunda-feira, mas dos 28 que acreditava-se estarem mortos, apenas oito foram devolvidos — um dos quais, segundo análise forense preliminar, não pertencia a nenhum dos sequestrados. Segundo a emissora americana CNN, os corpos de mais cinco pessoas devem ser liberados nesta quarta.

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