O Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou no comunicado que acompanhou o anúncio de manter a taxa de juros básica da economia em 15% ao ano que “seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”. Para a autarquia, o cenário atual é marcado pela incerteza, portanto, recomenda-se á autoridade monetária um só comportamento: cautela.
E a turbulência provocada pelo tarifaço de Donald Trump esteve no foco das discussões, pelo menos a julgar pelo comunicado emitido nesta quarta-feira, 30.
“O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA das tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, indica o BC.
A Casa Branca, horas antes do anúncio do Copom, formalizou a aplicação da tarifa de 50% para as exportações de produtos brasileiros para os Estados Unidos, mas o decreto assinado por Trump trouxe uma série de exceções à regra. Mais precisamente: 694 exceções. O suco de laranja e os aviões, por exemplo, escaparam. O mercado incialmente gostou. A bolsa de valores estava caindo e subiu quase 1%; e a Embraer, uma das companhias no centro da guerra comercial, valorizou dois dígitos no pregão.
Cautela, cautela, cautela… e prudência

A prudência com o exterior aparece no comunicado também pelo cenário interno. “Em relação ao cenário doméstico, o conjunto de indicadores de atividade econômica tem apresentado, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo”. E tem a inflação. Citando o Boletim Focus, o comunicado mostra que as expectativas para este ano e o próximo estão acima da meta estipulada. Se as projeções indicam inflação de 5,1% e 4,4% em 2026, a meta orbita em torno de 3%. Com isso, o Copom manteve a taxa em 15% ao ano, “e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.