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Conheça Bruto, guarda-vida que virou herói nas redes por salvamento durante ressaca em Itacoatiara; vídeo

O vídeo de um salvamento em Itacoatiata, praia paradisíaca de Niterói famosa entre surfistas do Brasil e de fora, viralizou nas redes esta semana pela impressionante capacidade e agilidade da equipe de guarda-vidas do Corpo de Bombeiros do Rio. O cabo Bruto – nome de guerra de Henrique Vieira Bruto da Costa -, de 39 anos, é quem aparece resgatando uma mulher de 33 anos que, após arrastada por uma onda enquanto apreciava a paisagem de cima da chamada Pedra do Pampo, caiu num mar de liquidificador, em dia de ressaca, na área mais perigosa de toda Itacoatiara. O caso foi na última quarta-feira, por volta das 14h30. A VEJA, Bruto explicou toda a situação, se esquivando do rótulo de herói. “Cumpri minha missão de ir até as últimas consequências para salvar o outro”. Ele, que teve o apoio do soldado Bruno, calcula ter levado apenas um minuto e meio entre a areia e a chegada até a vítima, depois retirada da água por um helicóptero. Há oito anos atuando na praia de Niterói – onde é bastante conhecido e querido – e desde 2015 na corporação, Bruto conta que essa foi a ação mais difícil  que enfrentou em sua trajetória no Grupamento Marítimo (GMar) até hoje.

Perigo máximo na “cova dos leões”

Na área do Pampo, canto direito de Itacoatiara, as correntes são mais fortes e sempre fica montado um posto dos bombeiros com uma dupla. Na quarta-feira, a previsão era de ondas de até três metros na praia. “Meu trabalho é muito areia e apito, fazendo a prevenção também em cima da Pedra do Pampo. A quarta era um dia de mar mais agitado nesse ponto, porém de mais tranquilidade na praia, por causa da frequência baixa, típica de inverno”, explica ele, que com outros guarda-vidas vivia nessa semana dias de menos ação naquela orla, na Região Oceânica de Niterói. Isso até a banhista ser surpreendida por uma onda, e outros na pedra – local onde as pessoas gostam de subir para tirar fotos e fazer vídeos – começarem a gritar. “Eu saí correndo, pegando nadadeira e rescue tube (flutuador). Como sou acelerado, tenho muita explosão, subi muito rápido. E o soldado Bruno veio atrás me dando suporte”, lembra, detalhando que geralmente quando alguém cai daquela pedra fica preso na área mais à esquerda da Laje do Shock, onde é realizado o campeonato de ondas grandes – que podem chegar a seis metros – e para a qual os bombeiros são mais treinados. No entanto, Mariana, a vítima, acabou levada para o outro lado, muito mais perigoso, ficando no meio do rebuliço mostrado nas gravações.

Vinte segundos de ação no mar

Mesmo assim, entre o bombeiro avistá-la da pedra e alcançá-la, foram cerca de 20 segundos. “Notei que as condições eram muito ruins, e ela estava só batendo os braços, como sustentando o último suspiro”, relata Bruto, que, com técnica, só aguardou a passagem de uma onda para ter o momento certo de pular no mar. “Sou treinado, e naquele momento, mais do que nunca, contei com a minha experiência e condicionamento físico. Mas, acima de tudo, com a mão de Deus, porque a situação era extraordinária. Qualquer guarda-vida de Itacoatiara vai dizer que pulei na cova dos leões: ali tem laje, com muitos ouriços, pedras soltas e buracos. A corda do flutuador podia ficar presa ou eu ser puxado para o liquidificador entre as pedras da Baleinha e do Pampo e me cortar todo. Mariana passou por um moedor e lutou pela vida. Entrei na água tendo em mente que precisava concluir minha missão e orando a Deus para que me guiasse”, revela o cabo, natural de Recife, evangélico, ex-missionário e ex-professor de bateria e que já foi campeão brasileiro de life saving – modalidade esportiva baseada em práticas de salvamento -, sendo julgado como o guarda-vida mais rápido do Brasil. Ele sonha em ter recursos para participar de um campeonato mundial. Antes de entrar no Corpo de Bombeiros, seu contato com o mar era através do surfe. 

Henrique Bruto ganhou fama de herói nas redes: ele fez salvamento considerado de alta complexidade
Henrique Bruto ganhou fama de herói nas redes: ele fez salvamento considerado de alta complexidadeInstagram/Reprodução
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Operação com helicóptero

Bruto encontrou Mariana inconsciente, resistindo apenas por instinto. Ele teve em seguida o auxílio do soldado Bruno para “clipar” a boia na vítima, que foi estabilizada e acalmada e conduzida pelos bombeiros até um ponto seguro do mar, onde foram resgatados pela rede do helicóptero em poucos minutos. “Foi tudo muito orquestrado”, avalia ele, completando. “ Descemos na areia com ela muito cortada, machucada, com princípio de hipotermia e fraqueza. Carreguei ela no meu pescoço e a coloquei no sol, até que recuperasse as forças. Prezo pelo treinamento e fui lapidado pela minha profissão. Eu era a pessoa certa no lugar certo”, responde ele, que, altamente profissional, não se vê como herói, como é chamado agora por milhares de internautas. “Não vejo o que aconteceu dessa maneira. Cumpri minha missão de ir até as últimas consequências para salvar o outro, seguindo o primeiro protocolo do bombeiro militar que é a minha segurança”. Um desejo agora, revela a VEJA, é reencontrar Mariana.

Pai de uma menina de oito anos, morador da Região Oceânica de Niterói e apaixonado por Itacoatiara (“frequento até nas férias”), Bruto tinha passado por um salvamento emocionante antes, quando saiu com um bebê de um ano e meio nos braços do mar de Icaraí, durante a comemoração de virada do ano. A mãe estava com a criança no colo quando foi engolida por uma onda. Uma menina de 4 anos também foi salva. “A nossa orla no Rio de Janeiro é muito complexa. Copacabana, por exemplo, tem gente no mar em dia de chuva. Temos praias com muita gente, muitos turistas, o que faz de nós guarda-vidas do Rio muito operacionais”, analisa, dando um recado importante. “Tenha humildade diante do mar, pense que você tem menos habilidade para entrar. E sempre chegue até os guarda-vidas dos bombeiros para se informar das condições do mar e saber se pode entrar no local com respeito”.

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