Enquanto os bloquinhos tomavam as ruas da cidade de São Paulo e as escolas de samba desfilavam no sambódromo do Anhembi, outro evento animava os foliões da capital paulista. Criado em 2018, o Carnaval na Cidade ganhou fôlego ao longo dos anos e concentra shows de artistas importantes da música brasileira em um ambiente fechado, com comidas e bebidas, em um formato semelhante a um festival de música. Neste ano, Ana Castela, Anitta, Ludmilla, Banda Eva e outros grupos subiram ao palco montado no Centro Esportivo Tietê. Mal a festa deste ano acabou, os ingressos para o ano que vem já começaram a ser vendidos.
Como tantas outras festas e eventos que acontecem em São Paulo, a realização é feita pelo grupo UmaUma, um ecossistema de entretenimento que hoje tem 15 unidades de negócios diferentes que atuam em várias frentes do mercado, de projetos proprietários para marcas a eventos para o público final – e tudo o que há no meio. O mais curioso é que muita gente vai a esses eventos, mas não sabe quem está por trás deles. O projeto começou em 2009, quando quatro amigos, Bruno Dias, Felipe Aversa, Gustavo Guizelini e Dado Ribeiro, fundaram a Haute, agência dedicada a organizar festas. “Na época, a noite paulistana era muito focada em clubes e boates. A gente quis fazer diferente, juntou um mailing legal e organizou uma festa. Foi um sucesso”, conta o sócio-fundador Bruno Dias.
Continuaram tocando o negócio até 2013, quando aconteceu uma importante “virada de chave”, segundo Dias. A agência foi contratada pela Budweiser para uma ação durante a Copa das Confederações. Tiveram a ideia de alugar uma mansão nos Jardins e criar uma programação que fosse além da transmissão dos jogos. A Bud Mansion foi um projeto de tanto sucesso que a Budweiser se tornou cliente regular. E a Haute viu o potencial do mercado corporativo. Alguns anos depois, em 2017, a Haute se uniu com outra agência badalada, a Fishfire, então focada no público final. Foi assim que surgiu a holding UmaUma.
Nesses anos, o grupo cresceu e hoje é um ecossistema de entretenimento com 15 unidades de negócios. Além da Haute e da Fishfire, há agências especializadas nos públicos LGBTQIA+ (a Efeito), jovem (New Blood), universitário (Stage) e de luxo (Hush). A operação conta com um agenciamento de artistas e DJS (Briefing), gestão de bares e restaurantes (Sounds Food), comunicação com imprensa e influenciadores (Cigarra), e até a plataforma gastronômica Rancho Churrascada, especializada em churrasco. Já teve outra, a Fazenda Churrascada, restaurante que surgiu a partir do evento itinerante, mas vendeu sua participação. Todas funcionam de forma independente, com faturamentos distintos, mas que atuam de forma complementar. Uma delas pode, por exemplo, fechar uma festa corporativa e, de forma integrada, oferecer os serviços de músicos e DJs. Em maio, a companhia lançou a Super Sounds, agência focada em shows, turnês e festivais nacionais e internacionais, com eventos já confirmados com as cantoras Ana Castela e Iza.

A divisão entre diferentes núcleos foi pensada como uma estratégia para valorizar a experiência do time. “A UmaUma é formada por capital humano. Pensamos em como valorizar os nossos ativos e envelopar em unidades que podiam ser independentes”, diz Fabio di Gregório, sócio fundador do grupo. A organização é horizontal, sem um CEO único. “Cada um atua como dono do seu núcleo”, afirma di Gregório. Todas ficam reunidas em um único espaço, a Uma Casa, no Jardim Paulistano, que acomoda os cerca de 150 funcionários.
Hoje, o portfólio de clientes conta com grandes players, como a própria Budweiser, a Diageo, dona de marcas de bebida como a vodka Smirnoff e o uísque Johnnie Walker, iFood, Ambev e Grupo Iguatemi, entre outros. O grupo não divulga o faturamento. Mas Bruno Dias afirma que em 2024 a UmaUma cresceu 20% em relação ao ano anterior. Já fez mais de 700 projetos para marcas e seus eventos reuniram mais de 500 mil pessoas. No final do ano passado, o grupo inaugurou o Discreto Club, balada nos Jardins. Se lá atrás, na fundação do grupo, o público estava cansado dos clubes, agora sente falta de opções. A lista de projetos para o futuro é grande. Há o encerramento da turnê Numanice, de Ludmilla, da qual a UmaUma é parceira, marcado para junho, além de uma série de eventos corporativos, como a participação de marcas em festivais como o Lollapalooza. Há também um trabalho de internacionalização em curso, começando por Madri, na Espanha, que recebeu uma filial da Haute por lá. Depois de dominar o mercado do entretenimento brasileiro, a UmaUma quer conquistar terras internacionais.