Pouco mais de um ano após a morte do ator Matthew Perry — o Chandler do seriado Friends — por overdose de cetamina, em 28 de outubro de 2023, os acusados de fornecer ao astro da TV a substância sintética fatal estão prestes a ir a julgamento nos Estados Unidos. Antecipando-se ao enfrentamento nos tribunais, marcado para o próximo mês de agosto, um dos principais denunciados pela morte do ator acaba de se declarar culpado perante a Justiça americana.
O médico Salvador Plasencia prescreveu de forma irregular e intermediou a venda de uma quantidade significativa da droga a Perry algumas semanas antes da overdose. Ao lado de uma traficante de cetamina, Jasmine Sangha, é o principal acusado do crime. Ao se declarar culpado, ele e seus advogados buscam reduzir a pena a que ele seria condenado — ainda assim, ele pode pegar até quarenta anos de cadeia.
“Eu me pergunto quanto esse idiota vai pagar”
O que chama atenção é que o caso Perry ajuda, assim, a expor uma impressionante cadeia de fornecimento de cetamina — droga sintética que causa euforia e é comum em baladas eletrônicas — a celebridades de Hollywood. Antes de Plasencia, outro médico que foi seu parceiro na empreitada, Mark Chavez, já havia usado a estratégia de se declarar culpado para reduzir a pena, e passou a ser delator do colega na promotoria de Los Angeles.
Os médicos e a traficante se associavam para prescrever e vender por preços extorsivos cetamina a celebridades como Perry. Conversas interceptadas pelos investigadores mostram Plasencia se gabando com Chavez de faturar uma grana alta para nutrir o vício em cetamina do ator. “Eu me pergunto quanto esse idiota vai pagar”, disse ao parceiro. Perry pagou 4 500 dólares (cerca de 24 700 reais na cotação de hoje) pela droga que acabou tirando sua vida. O ator foi encontrado morto em sua jacuzzi, e exames toxicológicos logo confirmaram que a cetamina foi a causa do óbito.
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