counter Comunidade terapêutica ilegal mantinha 62 pessoas em cárcere privado no Rio – Forsething

Comunidade terapêutica ilegal mantinha 62 pessoas em cárcere privado no Rio

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira, 12, 11 pessoas acusadas de manter 62 indivíduos em cárcere privado em uma comunidade terapêutica irregular no bairro Santa Cândida, em Itaguaí, na baixada fluminense. A ação contou com o apoio do Ministério Público local e revelou condições degradantes no local.

Segundo as investigações, os internos eram submetidos a condições insalubres e impedidos de deixar o local. Testemunhas relataram que tentativas de fuga resultavam em punições severas, incluindo agressões físicas, privação de alimentos e restrição de visitas familiares. O caso veio à tona após a morte de um paciente em outubro de 2024, que foi levado ao Hospital Municipal São Francisco Xavier com pneumonia avançada.

A chamada Comunidade Terapêutica Recomeçar funcionava de forma irregular. A polícia descobriu que mesmo pacientes que pagavam pelo tratamento de dependência química eram mantidos no local contra a vontade e sofriam diversos tipos de abuso.

Durante a operação, foram presos em flagrante dois administradores e nove monitores da clínica. Todos responderão pelos crimes de sequestro, cárcere privado e associação criminosa. As vítimas foram resgatadas e encaminhadas para atendimento médico e psicossocial.

A discussão sobre comunidades terapêuticas no Brasil

Como VEJA revelou em sua edição de 9 de fevereiro 2024, uma investigação sobre comunidades terapêuticas expôs graves contradições no modelo majoritariamente religioso adotado por essas instituições: enquanto o governo federal destinou R$ 237 milhões a 587 comunidades habilitadas – superando os recursos para a rede psicossocial do SUS -, a reportagem encontrou relatos de métodos questionáveis como “laborterapia”, sistemas punitivos de pontuação e até casos de violência, contrastando com a escassa assistência médica e psicológica. A matéria destacou ainda o dilema entre o modelo de isolamento predominante nessas comunidades (75% vinculadas a igrejas) e as evidências científicas que privilegiam tratamentos em liberdade, como os oferecidos pelos CAPS.

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Leia mais em: https://veja.abril.com.br/brasil/comunidades-terapeuticas-com-fundos-publicos-priorizam-fe-sobre-ciencia/

 

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