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Compromissos do Acordo de Paris reduzem pela metade os dias de calor extremo no planeta

Uma nova pesquisa científica reforça a importância do Acordo de Paris para conter o avanço do calor extremo no planeta — ao mesmo tempo em que cresce o temor de que as metas do tratado não sejam cumpridas.

Segundo o levantamento das organizações Climate Central e World Weather Attribution, os compromissos de redução de emissões assumidos em 2015 ajudaram a desacelerar o aquecimento global, limitando a elevação média da temperatura a 2,6 °C acima dos níveis pré-industriais até o fim do século. Antes do acordo, as projeções apontavam para um aumento de até 4 °C.

Na prática, essa diferença representa uma redução drástica na frequência de dias de calor extremo. O planeta poderá enfrentar cerca de 57 dias de calor intenso por ano, contra 114 dias previstos no cenário sem as metas de Paris.

Segundo os cientistas, essa diferença pode significar “a vida ou a morte de milhares de pessoas”, nas palavras da climatóloga Friederike Otto, do Imperial College London.

O calor extremo é considerado uma das ameaças climáticas mais letais, associado a secas, inundações, incêndios florestais e bilhões de dólares em prejuízos econômicos.

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Mesmo assim, os especialistas alertam que o progresso tem sido insuficiente para manter o aquecimento abaixo do limite de 2 °C, como determina o acordo.

“O avanço é desigual. É preciso muito mais esforço para transformar planos e políticas em ação concreta e financiar soluções duradouras”, afirmou Roop Singh, coautora do estudo e pesquisadora do Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

A divulgação do estudo ocorre num momento em que Reino Unido e União Europeia expressam dúvidas sobre a capacidade global de cumprir as metas estabelecidas há uma década.

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O próprio Comitê de Mudança Climática do Reino Unido já admite que o mundo deve se preparar para um aumento de até 4 °C até 2100, caso os compromissos atuais não sejam ampliados.

Embora o Reino Unido tenha sido um dos líderes na redução de gases de efeito estufa, o consenso político sobre políticas verdes começa a se fragmentar.

Na Europa, as divisões entre os países-membros impediram a aprovação de novas metas de corte de emissões para 2035, ampliando as incertezas sobre o futuro do pacto climático.

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Em paralelo, um estudo da Universidade de East Anglia, em parceria com agências ambientais britânicas, revelou que US$ 215 bilhões em ativos físicos estiveram expostos a incêndios florestais em 2024, sendo US$ 140 bilhões apenas nas perdas seguradas provocadas pelos incêndios de Los Angeles.

COP30: Belém se prepara para decisões cruciais sobre o clima

As conclusões sobre o impacto do Acordo de Paris chegam às vésperas da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. O encontro reunirá chefes de Estado, ministros e negociadores de mais de 190 países para avaliar o progresso desde 2015 e traçar um novo ciclo de compromissos até 2035.

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Entre os temas centrais está a revisão das metas nacionais de redução de emissões (NDCs), que deverão se tornar mais ambiciosas para conter o aquecimento em 1,5 °C. Outro ponto decisivo é o financiamento climático, especialmente para adaptação e compensação de perdas e danos (loss & damage), áreas historicamente subfinanciadas e de interesse direto dos países tropicais.

O Brasil, como anfitrião, tem papel estratégico. O governo Lula busca consolidar o país como liderança global na transição verde, reforçando instrumentos como o REDD+ e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Juntos, esses mecanismos podem gerar até US$ 9 bilhões anuais em recursos para a conservação de biomas e o desenvolvimento da sociobioeconomia.

O TFFF, idealizado pelo Brasil, deverá ser formalmente lançado em Belém com a promessa de financiar projetos de conservação em mais de 70 países tropicais. Já o REDD+ — que recompensa quem evita o desmatamento e mantém o estoque de carbono em pé — deve ganhar um novo modelo de governança internacional, com padrões mais rígidos contra o greenwashing e salvaguardas sociais que garantam os direitos de comunidades indígenas e locais.

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As expectativas também recaem sobre um possível acordo global para regular o mercado de créditos de carbono, ponto ainda pendente desde a COP26, e sobre o fortalecimento do Fundo de Perdas e Danos, criado em Dubai em 2023.

Para o Brasil, a COP30 é mais do que um evento diplomático: é uma oportunidade de mostrar resultados concretos no combate ao desmatamento e de se afirmar como potência ambiental e econômica na corrida por um novo modelo de desenvolvimento sustentável.

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