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Como o gesto de Hugo Motta contra Eduardo foi visto nos bastidores

Em um movimento até que surpreendente, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu barrar a nomeação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como líder da minoria. A decisão vai além do regimento: é política, simbólica e desafiadora. Pela primeira vez em muito tempo, um gesto de dentro do Centrão escancara o esvaziamento do bolsonarismo no tabuleiro do Congresso.Eduardo Bolsonaro está na mira por excesso de faltas. E agora, também, por falta de apoio. Sem conseguir sustentar sua indicação, a decisão de Motta abre caminho para que o Conselho de Ética avalie um eventual processo de cassação por ausência reiterada. É um duplo revés: perde poder dentro da Câmara e ganha destaque pelos motivos errados.

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Nos bastidores, o gesto de Motta foi interpretado como uma rara demonstração de firmeza de alguém frequentemente descrito como politicamente dependente de articulações maiores, como as de Arthur Lira. Em episódios anteriores, quando a pressão bolsonarista subiu o tom, foi Lira quem precisou intervir. Motta, nesse sentido, costuma ser um nome discreto, cauteloso e dependente de articulações superiores. Mas não dessa vez.

O gesto não deve ser lido apenas como um veto técnico a Eduardo Bolsonaro, mas como um recado direto ao bolsonarismo institucional. Ao impedir o retorno do filho 03 à liderança da minoria, Motta finalmente sinaliza que não aceitará a instrumentalização da estrutura da oposição como palanque pessoal ou espaço de blindagem. A liderança da minoria é uma posição com acesso estratégico à Mesa, à pauta e aos bastidores legislativos. Motta, no entanto, mostrou que não entregará esse lugar facilmente.

A decisão também inaugura uma nova fase no trato com o bolsonarismo dentro da Câmara. Figuras antes receosas de se indispor com o grupo agora começam a enfrentá-lo com mais naturalidade. A velha lógica de tolerância silenciosa dá lugar a pequenos, mas significativos, enfrentamentos.

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Se esses embates vão se intensificar até 2026 ainda é cedo para cravar. Mas a escolha de Hugo Motta, com todos os riscos que carrega, marca uma inflexão clara no jogo político da Câmara. Eduardo Bolsonaro sai menor. E Motta, ao menos por ora, sai maior.

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