Ozzy Osbourne, que morreu nesta terça-feira, 22, não era apenas uma lenda do rock — também era uma entidade visual e inspiração fashion. Desde os tempos de vocalista do Black Sabbath até sua carreira solo, seu estilo sombrio, teatral e transgressor sempre foi uma extensão evidente de sua persona artística. Não se tratava apenas de simples figurino – a estética de Ozzy ajudou a moldar sua imagem e influenciou em sua música e no impacto cultural do heavy metal como um todo.
Com longos cabelos escuros, olhos marcados por delineador pesado e roupas predominantemente pretas, o cantor trazia para o palco uma aura quase mística, entre o oculto e o rebelde. Suas capas dramáticas, crucifixos exagerados, muito couro, botas plataforma e adereços sombrios anteciparam tendências que depois ganhariam força em movimentos como o glam rock e o gótico.
Nos anos 1970, a presença de palco de Ozzy com o Black Sabbath já desafiava padrões: enquanto o som da banda explorava riffs densos e temas sombrios, ele encarnava uma espécie de profeta do apocalipse moderno devidamente caracterizado para tal. Com o tempo, essa imagem foi se tornando parte indissociável de sua identidade artística — o “Senhor das Trevas” virou um personagem tão forte quanto sua música.
Na década seguinte, ao seguir carreira solo, Ozzy elevou ainda mais seu impacto na moda, incorporando elementos teatrais e, algumas vezes, até flertou com o visual glam-metal, mas sem abandonar suas raízes sombrias. Assim, inspirou gerações de músicos também pelo estilo que combinava o caos da mente criativa ao culto do exagero e, por vezes, até da bizarrice.
Estilo em atitude
Seu visual também funcionava como ferramenta narrativa. Seja pela lenda de mastigar morcegos no palco ou estrelando reality shows com roupas pretas e óculos coloridos, cada escolha estética ajudava a contar a história de um cara que transformou sua escuridão interior em espetáculo e fez sua influência fashion transcender o rock. Tornou-se ícone de moda alternativa, citado como inspiração por estilistas como Hedi Slimane e Rick Owens em coleções que misturavam o punk, o gótico e o glam.
Seu estilo, afinal, era atitude. Que ressoou nas guitarras distorcidas, nos vocais esganiçados e inconfundíveis, nas performances pauleiras, mas também na estética de todo um gênero musical que, sem Ozzy, talvez soasse (ou parecesse) muito diferente.
