Um dilema muito atual, quando se trata da inteligência artificial generativa, tem a ver com sua aplicabilidade. É uma palavra feia, eu sei, mas trata do quanto a tecnologia é capaz de transitar do discurso para a prática cotidiana. Bruno Machado fala disso no recém-lançado livro Conectando o Futuro: Estratégias de IA e Transformação Digital Para Líderes (Editora Brasport).
O autor, que é vice-presidente da Ânima Educação, compartilha reflexões e aprendizados acumulados em mais de duas décadas de vivência prática. Combina a experiência com sua pesquisa de mestrado, num texto que traz reflexões sobre o papel da IA nas estratégias de negócios e roadmaps digitais para fazer isso acontecer.
Selecionei um breve trecho do livro (até porque não ia dar spoiler demais aqui, certo?) para uma conversa com Machado.
Entre muitas coisas que me chamaram atenção no seu livro, quero destacar um trecho chamado “como empresas e líderes podem se preparar para o futuro”. Pode contar a respeito?
Essa preparação deve se basear em quatro pilares: aprendizado contínuo, inteligência estratégica, resiliência organizacional e cultura de experimentação.
Vamos falar deles, então? Como explicar ao leitor o que é aprendizado contínuo?
Trata-se de uma curiosidade permanente, intensificada pelo dinamismo do contexto tecnológico atual. Hoje as melhores ferramentas de IA mudam muito depressa: a cada mês, às vezes até semanalmente, e isso exige do profissional uma postura de testar novas abordagens para resolver problemas.

E a inteligência estratégica, como definir?
É o uso intencional e direcionado da tecnologia, focando em encontrar um problema real e resolvê-lo. Não se trata de replicar métricas de vaidade, mas de usar a tecnologia do jeito certo para o seu negócio, em vez de seguir o que todo mundo está fazendo.
Resiliência é uma palavra muito usada do ponto de vista pessoal. Como se aplica às organizações?
De um modo parecido: é a capacidade de avançar apesar das batalhas e das dificuldades, superando adversidades culturais e relacionais. Aplicar IA em uma empresa exige resiliência porque muitos limitadores são disputas internas e a reacomodação de papéis e responsabilidades.
E, por fim, o que é cultura da experimentação?
É quase uma visão de investimento, em que a empresa se mantém aberta a combinar abordagens. É preciso criar um portfólio e diversificar: um caso de uso é construído internamente, o outro vem de assinatura de um serviço, um terceiro surge de aliança estratégica… Tem a ver com criar caminhos diferentes para avançar.