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Como eleição no Chile tira relevância regional do Brasil

A eleição de José Antonio Kast no Chile amplia o isolamento do Brasil no tabuleiro político da América do Sul. Com a vitória da direita em um país estratégico, membro da OCDE e fortemente integrado às cadeias globais, consolida-se um eixo regional cada vez mais alinhado aos Estados Unidos — do qual o Brasil, hoje, não faz parte. O resultado chileno se soma à Argentina, Paraguai, Peru e Equador, redesenhando o equilíbrio de forças no continente.

Segundo Alexandre Pires, professor de Relações Internacionais e Economia do Ibmec/SP, o novo arranjo regional pressiona diretamente a posição brasileira. “O Chile sempre manteve alinhamento institucional com o Ocidente. Com Kast, isso se intensifica e reforça a estratégia americana de cercar a Venezuela por vias diplomáticas, econômicas e, eventualmente, militares”, afirma. Nesse contexto, o Brasil passa a ocupar uma posição desconfortável: não lidera o bloco pró-Estados Unidos nem atua como mediador efetivo, sobretudo pela relação ambígua do governo brasileiro com o regime de Nicolás Maduro.

Para o mercado financeiro, o efeito é indireto, mas relevante. O isolamento diplomático tende a reduzir a influência brasileira em negociações regionais, enquanto países vizinhos ganham protagonismo junto a Washington. Em um ambiente de maior tensão geopolítica, o capital estrangeiro tende a privilegiar economias percebidas como mais previsíveis institucionalmente.

Para o Brasil, o recado é claro: sem ajuste fino na política externa, o risco político regional pode voltar ao radar dos investidores — não por ideologia, mas por pragmatismo econômico.

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