Assim que o hóspede cruza o arco de entrada da imponente construção em tom de rosa pastel, é recepcionado por gentis funcionários com um drink refrescante, que combina xarope de erva-mate, suco de limão e água com gás. Na bandeja, um brigadeirinho completa o mimo. Enquanto as malas são levadas para a acomodação, o visitante é convidado a relaxar alguns minutos na varanda, de onde já se desvela uma visão privilegiada das Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais do planeta. No quarto, adornado com móveis clássicos e com um clima acolhedor, um bolinho fresco de fubá com goiabada repousa sobre uma mesa, junto com um bilhete de boas-vindas escrito à mão.

Daí em diante, até o check-out, é uma sucessão de pequenas gentilezas e serviço impecável, em meio a uma natureza estonteante, que ajudam a explicar o fato do Hotel das Cataratas, do grupo Belmond, ter sido um dos dois únicos – o outro é Rosewood, de São Paulo –, a receber no Brasil as almejadas três chaves do Guia Michelin. Essa é a distinção máxima concedida pela entidade, que há mais de cem anos avalia os melhores restaurantes do planeta, atribuindo estrelas a eles. No caso dos hotéis, cuja primeira seleção global foi anunciada no último dia 8, uma chave se refere a “uma estadia muito especial”; duas indicam “estadia excepcional”; e três uma experiência “extraordinária”. O Brasil teve vinte estabelecimentos agraciados – 2 com três chaves, 2 com dois e 16 apenas com um garfo.
No mundo todo, só 143 estabelecimentos conquistaram as disputadas três chaves, como o Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu. Isso significa que sua estrutura, a única que fica dentro do Parque Nacional do Iguaçu, envolto por 185 000 hectares de Mata Atlântica, gabaritou os cinco critérios da avaliação: excelência em arquitetura e design de interiores; qualidade e consistência do serviço; personalidade e caráter geral; custo-benefício e contribuição significativa para a vizinhança. Para o hóspede, como a colunista – que ficou três dias no Cataratas, entre eles, por coincidência, o que foi anunciado o resultado do Guia Michelin – a experiência começa antes mesmo de pôr os pés no hotel. Ao cruzar o portão do Parque Nacional do Iguaçu, quando o motorista é obrigado a seguir em marcha lenta, diante da possibilidade de se deparar com animais silvestres na pista (quatis, cutias, raposas, veados, macacos-prego, entre outros), o visitante também é convidado a se deixar embalar por outro ritmo.

E nesse espírito, o hotel do grupo Belmond – que, no Brasil, também é dono do Copacabana Palace, no Rio –, não decepciona. Muito pelo contrário. O local proporciona uma experiência única e memorável, em total harmonia com a grandiosidade de seu entorno. É comum as pessoas estarem tomando café ou almoçando no restaurante Ipê, junto à piscina (com borda infinita e aquecida em agradáveis 28 graus) e verem uma infinidade de pássaros na varanda e, um pouco mais a frente, no jardim interno, grupos de quatis subindo nas árvores.

Por ficar dentro do parque, a propriedade, que já recebeu nomes como a princesa Diana, o banqueiro David Rockefeller, o cantor Rod Stewart e o ex-presidente americano Bill Clinton, oferece uma série de vivências singulares. Seus hóspedes têm a chance de explorar trilhas em meio à Mata Atlântica e ver as impactantes Cataratas de Iguaçu – o maior conjunto de quedas d’água do mundo – antes da abertura e após o fechamento para o público em geral. Um luxo só.

Além dos passeios com guias, quem está hospedado ali conta com uma localização ímpar. Se estiver com preguiça de sair, mas quiser ter uma visão panorâmica das cataratas, basta o visitante descer até a recepção e atravessar um gramado que, em dois minutos, estará diante de um mirante debruçado sobre as quedas d’água. Há ainda a possibilidade de fazer um piquenique no jardim, cheio de gostosuras preparadas pelo hotel, também com vista para aquele monumento da natureza.
- Passeios exclusivos: os hóspedes do hotel têm a chance de visitar as Cataratas em horários especiais
Inaugurado em 1958, o Cataratas conseguiu atravessar os anos sem perder o frescor e a sofisticação. Com um design elegante e uma arquitetura típica portuguesa na fachada, o hotel foi adquirido em 2007 pelo grupo Orient-Express Hotels, que investiu 60 milhões de reais em uma grande reforma. Doze anos depois, o grupo, que já havia passado a se chamar Belmond,

Com 176 acomodações, o Cataratas conta com espaço kids, academia de ginástica, quadra de tênis, um luxuoso SPA, três bares e dois restaurantes. O mais novo deles, batizado de “Y” (significa água, em Guarani) e inaugurado ano passado, fica a cargo do chef Luiz Filipe Souza, reconhecido por sua criatividade e detentor de duas estrelas Michelin em seu restaurante paulistano, o Evvai. Além do requinte e da integração com a natureza, fica evidente no hotel o treinamento exímio de seu staff. Ao cruzar com algum funcionário, é impossível o hóspede não ser cumprimentado e, muitas vezes, questionado se precisa de alguma coisa. Uma sofisticação que vai bem além da sua estrutura e localização.

A chance de ver o arco-íris lunar
No leque de passeios exclusivos oferecidos pelo Hotel das Cataratas, antes e após o Parque Nacional do Iguaçu receber o público, um deles se destaca. Uma vez por mês, em noites de lua cheia (duram cinco dias), os hóspedes têm a chance de viver momentos mágicos. Eles são convidados a apreciar as imponentes quedas d’água de mirantes, percorrer as passarelas sobre as cataratas e, mais do que isso, testemunhar um dos fenômenos mais raros e belos da natureza: o arco-íris lunar. Com o impacto das águas sobre as rochas, forma-se um spray de águas e é exatamente nessa parede, com a luz da lua refletida, que se forma o espetáculo de cores sob o luar. Uma experiência inesquecível!

Réveillon em meio a uma das sete maravilhas naturais do planeta
A virada do ano no Hotel das Cataratas contará com uma programação especial que mistura natureza, sofisticação e bem-estar. De 22 de dezembro a 1º de janeiro, os hóspedes têm à sua disposição atividades como yoga, pedaladas pela natureza, caminhadas exclusivas pelas cataratas, além de um extenso cardápio de massagens no SPA e atividades para as crianças no espaço Kids. Às tardes ganham mais sabor com degustações de chocolates, cafés, cachaças e sorvetes. No dia 31 de dezembro, as comemorações começam com um ritual de purificação guarani, conduzido por membros da comunidade indígena Jacy Porã. Em seguida, há a opção de fazer a caminhada “Descubra as Cataratas”, antes da abertura dos portões ao público. O ponto alto da celebração será a ceia de Ano Novo, já incluída para os hóspedes no restaurante da piscina e, no restaurante Y, é cobrado um preço adicional. A festa acontecerá à beira da piscina. (Para as datas, a estadia mínima de três noites no apartamento superior, que acomoda uma ou duas pessoas, custa a partir de R$ 7.730,00 + taxas).
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