O aumento da inadimplência no pagamento de aluguéis, que atingiu 3,59% em junho — maior patamar dos últimos 12 meses, segundo levantamento da plataforma Superlógica — reforça a necessidade de cautela jurídica na celebração e gestão dos contratos de locação. A avaliação é do advogado Daniel Lopes, especialista em Direito Imobiliário e sócio da área de contratos do escritório Almeida Prado e Hoffmann Advogados. “O índice sinaliza uma tendência preocupante, especialmente quando analisado o recorte por faixa de valor e tipo de imóvel. Imóveis de menor valor e unidades comerciais são os mais afetados, refletindo a vulnerabilidade dos pequenos locatários e empreendedores”, diz Lopes.
O estudo aponta recordes de inadimplência entre imóveis residenciais com aluguel de até R$ 1.000 (5,79%) e imóveis comerciais da mesma faixa (7,48%). Também se destaca o aumento nos contratos de alto padrão — aluguéis acima de R$ 13 mil chegaram a 6,54% de inadimplência, acima da média.
Segundo Lopes, o movimento é majoritariamente conjuntural, motivado por inflação persistente, juros elevados e alto endividamento das famílias. Mas ele faz um alerta: “Se perdurar, essa conjuntura poderá provocar mudanças estruturais no mercado, especialmente no comportamento do locador quanto à exigência de garantias”.