counter Como ‘A Meia-Irmã Feia’ transforma ‘Cinderela’ em ótima (e repulsiva) história de terror – Forsething

Como ‘A Meia-Irmã Feia’ transforma ‘Cinderela’ em ótima (e repulsiva) história de terror

Desde que o domínio público tem chegado para propriedades dos estúdios Disney como o Ursinho Pooh e o rato Mickey Mouse, filmes de terror calcados no simples apelo de transformar material infantil em horror provocativo têm chegado às salas de cinema. Este, porém, não é o caso de A Meia-Irmã Feia, um refinado longa norueguês que troca o foco do conto de fadas Cinderela para uma das filhas da madrasta malvada. Longe de Ursinho Pooh: Sangue e Mel (2023), a produção está mais para A Substância (2024).

Com liberdade criativa, a cineasta Emilie Blichfeldt retrata o cotidiano de Elvira (Lea Myren), a mais velha das duas herdeiras de Rebekka (Ane Dahl Torp), uma interesseira que se casa por dinheiro com o pai de Agnes (Thea Sofie Loch Næss) — a Cinderela da versão. O que ela não sabe é que o patriarca não é só moribundo como pobre e, após um vômito de sangue na noite de casamento, se vai e deixa as quatro mulheres em ruína financeira. Daí em diante, a história é similar: um baile organizado pelo príncipe promete selecionar uma noiva cuja vida será completamente transformada. Para desbancar a meia-irmã loira, Elvira então tem que recorrer a todo e qualquer recurso para se tornar a bela dama que sua mãe exige que seja.

Aí está o grande trunfo da obra, que se torna uma sucessão de procedimentos tão assustadores quanto reais. Se o pós-operatório de uma rinoplastia já pode ser agonizante em 2025, imagine no século XIX. Ou, em vez, de dietas radicais e medicamentos para emagrecimento, imagine os efeitos exercidos sobre uma jovem insegura que ingere vermes para ajustar o próprio peso — e nem se pergunte como a protagonista aplica seus cílios postiços. O longa também não deixa de lado a infame trama original dos irmãos Grimm, na qual ambas as meias-irmãs feias decepam seus pés para caber na sapatilha de Cinderela. Entre estes e outros momentos repugnantes, o filme se mostra um exemplar magistral do horror corpóreo, influenciado por David Cronenberg, Lucio Fulci e Julia Ducournau.

A temática é contundente na era das redes sociais e permite que Blichfeldt esbanje todos os seus dotes como diretora. Morbidamente divertida, esta subversão é melhor do que qualquer live-action de classificação livre.

Continua após a publicidade

Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:

  • Tela Plana para novidades da TV e do streaming
  • O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
  • Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
  • Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial

 

Publicidade

About admin