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Como a IA pode ajudar casais inférteis a engravidar

Um em cada seis adultos experimentará infertilidade ao longo da vida, segundo a Organização Mundial de Saúde. Na ponta do lápis, isso equivale a 17,5% da humanidade, um problema global semelhante entre países ricos e pobres.

Se a gente olhar para as últimas décadas, dá para notar que a tecnologia entrou em cena incontáveis vezes para tentar mudar essa estatística. E não é diferente com a inteligência artificial, que pode ser uma aliada e tanto para quem sonha ter filhos.

Nessa seara, a medicina reprodutiva tem obtido feitos notáveis, como o de um casal de Nova York que engravidou com ajuda de uma IA depois de 19 anos de tentativas.

Aqui no Brasil, somente em 2024, houve 55.971 ciclos de fertilização in vitro. Esse valor não equivale ao número total de casais que recorreu à técnica, porque é comum que seja necessário tentar mais de uma vez, mas dá um panorama. Os números vêm do SisEmbrio, sistema da Anvisa que centraliza informações do segmento.

Como a IA entra em cena no caso da FIV?

A partir de um conjunto de dados gigantesco, algoritmos são treinados para auxiliar especialistas na hora da Fertilização in Vitro (FIV). A IA é recrutada como um recurso para aumentar as chances de sucesso. E, ao analisar um contingente imenso de informações em tempo real, permite mais precisão e rapidez. “O uso da Inteligência Artificial gerou avanços expressivos na jornada dos casais que querem engravidar e buscam a FIV. A tecnologia permite avaliar a qualidade dos óvulos sem colocá-los em risco e gera pontuações para predizer a probabilidade de sucesso na fertilização, estimando o número de embriões a serem formados e, também, as chances de nascidos vivos”, explica Verônica Ferraz, diretora da Clínica Geare de Medicina Reprodutiva, referência da especialidade na região Nordeste.

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A FIV é um tratamento para a infertilidade altamente complexo, constituído por importantes etapas até que seja realizada a fecundação, cultivo embrionário e implantação do embrião no útero da paciente. “Inicialmente, a mulher recebe medicamentos para estimular o crescimento de folículos, pequenas estruturas localizadas nos ovários que envolvem, cada uma delas, um óvulo. Após o estímulo ovariano, os folículos crescem. Quando estão, possivelmente, maduros, os óvulos são aspirados por meio de um procedimento minimamente invasivo e encaminhados ao laboratório de fertilização para análise microscópica”, detalha Verônica.

É nesse momento que a IA representa um avanço significativo. Com visão computacional, ela interpreta grande quantidade de dados proporcionados por imagem dos óvulos que não podem ser vistas pelos embriologistas apenas com o uso de microscópio. Dessa forma, verifica a qualidade e calcula as chances de cada óvulo dar origem a um embrião saudável.

Tecnologia a serviço da saúde: algoritmos conseguem analisar gametas com precisão que o olho humano não alcança
Tecnologia a serviço da saúde: algoritmos conseguem analisar gametas com precisão que o olho humano não alcançaMidjourney/Alvaro Leme/Reprodução
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A médica ressalta que a qualidade do óvulo é uma característica crucial para a fertilidade. “Com esse avanço, permitimos que a paciente tenha uma visão mais ampla de sua jornada reprodutiva. A partir das informações personalizadas obtidas com a ferramenta, são tomadas decisões durante o tratamento de reprodução assistida que aumentam as chances de gravidez a curto e a longo prazo.”

Algoritmos e o congelamento de embriões

Em relação às mulheres que irão congelar embriões, a IA pode ajudar muito na estimativa do número que precisa ser congelado para que haja maior probabilidade de gestação no futuro.

Antes da IA, a estimativa de embriões a serem congelados era realizada com base na observação, na experiência de cada médico e na avaliação de dados clínicos da paciente. Desde 2020, 544.983 embriões foram congelados aqui no país, segundo a Anvisa — 128.180 destes apenas no ano passado.

Ao aumentar a precisão na triagem das células reprodutivas femininas, a IA pode, também, diminuir o número de ciclos que precisam ser realizados. “Isso reduz não só os custos financeiros para a paciente, mas também o tempo dedicado ao processo, o que contribui para o seu bem-estar emocional, aliviando sentimentos de ansiedade e frustração.”

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