A Comissão da Anistia concedeu perdão e indenização ao ex-jogador do Atlético-MG, Reinaldo na noite desta terça, 2. Em votação unânime, o órgão do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu que o maior artilheiro do Galo foi perseguido durante a ditadura militar no Brasil.
José Reinaldo de Lima esteve presente na 10ª Sessão da Turma em Brasília na presença da ministra da pasta, Macaé Evaristo. O ex-atacante receberá uma indenização de R$100 mil em prestação única, além de ser reconhecido como anistiado pelo governo.
Dentro de campo, Reinaldo comemorava seus gols com o punho cerrado, inspirado no movimento dos Panteras Negras nos Estados Unidos em protesto à ditadura. Durante a sessão, ele se pronunciou emocionado com a decisão:
“Talvez vocês se lembrem da minha trajetória nos campos, mas pode ser que não saibam da luta, muitas vezes silenciosa, que tive que enfrentar. Todos sabem dos horrores da ditadura que tiraram a vida de tantos brasileiros, mas a repressão do Estado foi muito além dos porões e das celas e não usava só a violência física. Eles criavam campanhas de difamação, verdadeiras operações para acabar com a reputação e a vida social das pessoas que eles consideravam inimigos ou ameaças”, disse ele.

“Queriam calar a minha voz, diminuir a minha força, e acabaram com a minha vida e minha carreira. Essa forma de violência do Estado que ataca a honra, a imagem e a dignidade é tão grave quanto as outras e busca destruir as pessoas por dentro, tirando seu lugar no mundo e no futuro. É uma violência que deixa marcas profundas e duradouras, mesmo que a gente não veja”, completou.
Lembrado como Rei pelo torcedor do Galo, ele foi revelado pelas categorias de base do clube mineiro e anotou 255 gols em 475 partidas. Também vestiu a camisa da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978.