Um estudo conduzido por pesquisadores europeus indica que a nave Europa Clipper, da Nasa, poderá ser atingida por partículas da cauda iônica do cometa interestelar 3I/ATLAS nas próximas semanas.
Os cientistas desenvolveram um programa chamado Talicatcher, capaz de rastrear o movimento de partículas carregadas pelo vento solar. Com base nesses dados, a equipe concluiu que o alinhamento entre a nave, o cometa e o Sol deve ocorrer entre 30 de outubro e 6 de novembro, permitindo à sonda coletar material ejetado do 3I/ATLAS.
A pesquisa, publicada no repositório científico arXiv, afirma que praticamente não há dados sobre o interior de cometas interestelares e que este tipo de observação é o mais próximo possível de uma amostra direta, sendo assim uma oportunidade única para entender como esses corpos se formam em outros sistemas estelares.
Por que esse encontro é tão importante?
A cauda iônica de um cometa surge quando ele se aproxima do Sol. O calor faz o gelo em sua superfície se expandir e se romper, liberando gases e partículas carregadas que são empurradas pelo vento solar, formando o rastro luminoso que pode ser visto até da Terra.
Esses cometas são considerados “cápsulas do tempo cósmicas”, pois preservam o material original de seus sistemas de origem, há bilhões de anos. No caso do 3I/ATLAS, o Talicatcher permitiu calcular a trajetória dessas partículas e prever quando elas cruzarão o caminho da Europa Clipper, que está a caminho de Júpiter.
Apesar da coincidência orbital, o evento não representa risco à sonda. A principal incerteza é se as partículas serão realmente detectadas. Isso depende do comportamento do vento solar, que precisa estar suficientemente forte e na direção correta para conduzir os íons até a nave.
Outro fator é o shutdown do governo dos Estados Unidos. Por conta da paralisação, a Nasa pode não conseguir ativar os instrumentos da Europa Clipper a tempo da janela de observação. Isso significaria perder uma chance rara de estudar material vindo de fora do Sistema Solar.
