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Com recuo dos EUA, União Europeia e China assumem protagonismo climático

A União Europeia e a China anunciaram uma aliança estratégica para liderar os esforços globais contra as mudanças climáticas.

O compromisso ocorre em um momento simbólico: além de marcar os 50 anos de relações diplomáticas entre as duas potências, o gesto busca preencher o vácuo deixado pelos Estados Unidos, que voltaram a se afastar da pauta ambiental sob a nova gestão de Donald Trump.

Em declaração conjunta, Bruxelas e Pequim informaram que apresentarão planos climáticos atualizados até 2035, em conformidade com o Acordo de Paris.

Também prometeram aprofundar a cooperação na transição energética, com foco na redução das emissões de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes.

“As duas partes concordam em demonstrar liderança conjunta para promover uma transição global justa, com desenvolvimento sustentável e combate à pobreza”, diz o documento.

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A declaração não traz metas numéricas específicas de corte de emissões, mas ganha relevância ao reafirmar a disposição de UE e China em colaborar, mesmo diante de fortes tensões comerciais, disputas tecnológicas e posições divergentes sobre a guerra na Ucrânia.

“Unir forças nesse tema envia uma mensagem poderosa ao mundo”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, durante a abertura da cúpula em Pequim.

Brasil e COP30: o palco da ambição climática

A articulação entre China e Europa mira diretamente a Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada em novembro, na cidade de Belém, no Pará.

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Será a primeira vez que o evento ocorrerá na Amazônia, um gesto político e simbólico do governo brasileiro para reposicionar o país como líder ambiental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem investido capital diplomático para transformar a COP30 em um marco da diplomacia do Sul Global.

O governo articula a criação de um fundo climático voltado a países tropicais com grandes reservas de florestas, o Tropical Forests Forever Fund (TFFF), e busca apoio de nações do Oriente Médio e da Ásia para bancar a iniciativa.

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Além disso, o Brasil pretende cobrar das economias ricas o cumprimento das promessas de financiamento climático, ainda distantes da meta de US$ 100 bilhões anuais.

Também devem entrar em pauta o mercado global de carbono, a regulamentação de compensações via crédito florestal e os planos nacionais de adaptação climática.

Para analistas, o gesto de China e Europa tende a fortalecer a ambição climática de Belém, ainda que os desafios geopolíticos, como a ascensão de governos nacionalistas e o recuo dos EUA, tornem o cenário mais incerto.

“Em meio a divergências profundas na agenda global, esse gesto oferece um alívio modesto, mas estratégico”, avalia Li Shuo, diretor do China Climate Hub, da Asia Society Policy Institute. “Preservar esse espaço de cooperação exigirá pragmatismo e persistência.”

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