Perto das 11h20 desta quarta-feira, 3, o dólar recuava cerca de 0,4% negociado R$ 5,44. Já o Ibovespa começou o dia sem direção, chegou a recuar levemente, mas às 11h20 registrava 140. 318 pontos. Os movimentos são atribuídos por especialistas e analistas de mercado a uma combinação de fatores externos e internos que têm exigido cautela.
“Por aqui a produção industrial caiu 0,2% em julho e o mercado também segue atento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro”, diz Gustavo Trotta, sócio da Valor Investimentos. Entre os papéis, ele destaca Vale que avançava levemente e Petrobras recuava levemente. “Os grandes bancos tem desempenho misto”, diz.
No exterior, a busca por ativos considerados seguros e a expectativa de manutenção de juros elevados nos Estados Unidos seguem pressionando moedas emergentes. “Lá fora, os investidores aguardam os dados do payroll que serão divulgados na sexta-feira e que devem movimentar as expectativas em relação à taxa de juros”. Ele explica que há expectativa pelo corte de 0,25 ponto percentual na taxa juros nos Estados Unidos ainda esse mês. Ambiente global também segue pressionado pelos juros no Japão em níveis recordes e o ouro em alta”, diz Trotta.
Impactos para os negócios
“O novo episódio político adicionou incerteza institucional em um momento já marcado por aversão ao risco, o que leva investidores a reduzir exposição em ativos mais sensíveis. Ao mesmo tempo, o cenário de correção não deve ser visto apenas como sinal de fragilidade, mas como um filtro natural que separa negócios preparados para crescer em instabilidade daqueles que dependem apenas de um ambiente favorável”, diz Antonio Patrus, diretor da Bossa Invest.
Segundo ele, os ajustes de curto prazo são inevitáveis, mas também representam o terreno fértil para quem busca oportunidades de longo prazo, “Empresas inovadoras, eficientes e com modelos escaláveis conseguem se beneficiar desse movimento, atraindo capital justamente por oferecerem previsibilidade em meio à volatilidade”.
Para Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, o movimento é de choque de confiança. “Crises desse tipo funcionam como aceleradores de mudanças estruturais, porque expõem ineficiências e premiam empresas que conseguem manter disciplina financeira, eficiência operacional e clareza estratégica. O que se vê agora é um choque de confiança e não um colapso de fundamentos, o que abre espaço para companhias sólidas transformarem a instabilidade em diferencial competitivo”, afirmou.