Na última quarta-feira, 17, Flamengo e Paris Saint-Germain se enfrentaram pela final do Intercontinental. Fora das quatro linhas, GE TV, canal de esportes da Globo no YouTube, e a CazéTV, plataforma comandada pela Livemode, travaram uma batalha pela audiência antes do jogo, durante a partida e com a repercussão após o apito final. Enquanto a bola estava rolando, o canal que leva o nome de Casemiro Miguel ficou na liderança apenas durante os primeiros 20 minutos. Após isso, o canal da emissora carioca disparou, alcançou 5 milhões de acessos simultâneos e chegou a abrir 1,69 mi de espectadores de diferença durante a final.
Em relação ao número de inscritos, a Cazé TV ainda leva vantagem em relação a GE TV, com 23,7 mi de assinantes, contra 12,2 milhões. Por outro lado, a longevidade da plataforma da Livemode também é maior, já que se consolidou no mercado depois da Copa do Mundo do Qatar. Já a Globo começou a investir neste formato de transmissão gratuita no YouTube durante a temporada de 2025.
“Enquanto os canais tradicionais operam com públicos mais consolidados e previsíveis, a disputa pela atenção dos mais jovens nas transmissões mais casuais do YouTube e do streaming ainda está em aberto é um jogo em andamento, com placar que muda minuto a minuto”, comenta Ivan Martinho, especialista e professor de marketing esportivo da ESPM.
Nos últimos anos, os espectadores acompanharam uma mudança no modelo que estava estabelecido sobre transmissões no Brasil. Além da exibição de jogos gratuitos, o que não era comum, plataformas de apostas também passaram a ter direitos de transmissão. Dentro da Flashscore, por exemplo, além de centenas de informações sobre os jogadores e as partidas, a empresa também passou a investir na transmissão de jogos por áudio. Apenas em 2025, foram mais de 100 milhões de visualizações das partidas dentro do aplicativo.
“O movimento da CazéTV foi inovador até no âmbito global. No entanto, é um modelo que basicamente depende do YouTube como canal de distribuição. A entrada da GeTV traz para a mesa uma Globo que tem mais canais e musculatura para distribuir investimentos e diluir riscos, porém tem que se consolidar nesta frente. Com isso, ganham tanto o público (pela oferta de mais conteúdo gratuito) quanto o Google, por se tornarem ainda mais relevantes na guerra pela atenção. Isso deve solidificar o YouTube como uma das casas do Esporte ao Vivo no Brasil”, comenta Alexandre Vasconcellos, regional manager da Flashscore no Brasil, plataforma de estatísticas que conta com mais de 150 milhões de usuários ativos.
Os milhões de audiência também ajudaram a valorizar exponencialmente as cifras das propriedades comerciais das plataformas, o que fomenta a entrada de marcas no setor, que aproveitam de uma audiência mais jovem para inserir produtos no mercado. Apesar da popularidade, Alexandre Vasconcellos alerta que a concorrência entre dois gigantes pode diluir o montante, mas como o mercado ainda está ‘’em teste’’, será uma corrida a ser observada nos próximos meses.
“Se o recorte for olhando o investimento que mire no YouTube por esporte ao vivo, provavelmente as cotas publicitárias aumentarão. No entanto, todo bolso é limitado, e o que pode acontecer é vermos um declínio em outras frentes, como TV paga, streaming e até TV aberta. É uma tese nova, com possibilidades de convergências e sinergia multicanais, então vai depender muito também da agressividade da Globo e em como o mercado vai responder a este movimento”, completa o executivo.