Um ataque russo massivo, com dezenas de drones e mísseis, atingiu a capital da Ucrânia, Kiev, nesta segunda-feira, 23. Ao menos sete pessoas morreram e mais de trinta ficaram feridas, informaram as autoridades locais. Este foi o mais recente de uma série de bombardeios fatais e cada vez mais intensos contra o território ucraniano.
Os sete mortos estavam em um prédio residencial atingido pelos projéteis. Fotos divulgadas pelos serviços de emergência ucranianos mostraram o edifício de cinco andares parcialmente desabado. Enquanto socorristas trabalhavam para remover os escombros, autoridades alertaram que o número de vítimas fatais poderia aumentar.
A Força Aérea ucraniana afirmou que a Rússia lançou mais de 350 drones contra o país durante o ataque, além de 16 mísseis balísticos. As defesas interceptaram a maioria dos drones e doze dos mísseis, segundo os militares.
Foi o segundo bombardeio letal em Kiev em menos de uma semana. Na última terça-feira 17, 28 pessoas morreram devido a uma grande ofensiva aérea russa – a maioria delas também estava em um prédio residencial. Aquele foi o ataque mais mortal à capital ucraniana em quase um ano.
Oriente Médio ofusca Ucrânia
A nova série de ataques vem reforçando a crença de muitos ucranianos de que Moscou não está interessada em um cessar-fogo, especialmente porque suas Forças Armadas prosseguem com uma ofensiva no front leste da Ucrânia. No domingo, um ataque em Kramatorsk, cidade próxima à linha de frente, matou quatro pessoas.
“A Rússia está mais uma vez atacando vidas e destinos humanos. Isso não é uma tendência, não é um acidente — é um plano”, disse Tymur Tkachenko, chefe da administração militar de Kiev, após os bombardeios desta segunda-feira.
Também há preocupações na Ucrânia de que a intensificação dos ataques russos seja ignorada pelo mundo ocidental, uma vez que todos os olhos se voltaram para a crise entre Israel e Irã – em especial os de Donald Trump, autointitulado “negociador chefe” da guerra no Leste Europeu, que liderou a entrada direta dos Estados Unidos no conflito com o ataque a três instalações nucleares iranianas.
Na semana passada, Trump faltou a uma reunião agendada com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, às margens da cúpula do G7 no Canadá, alegando que precisava retornar a Washington para lidar com a situação no Oriente Médio. É provável que o líder ucraniano esteja preocupado com a possibilidade de receber tratamento semelhante de líderes mundiais em uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), marcada para esta terça-feira, 24, em Haia. (Ele ainda não confirmou presença.)
Nesta segunda-feira, Zelensky viajou ao Reino Unido para reunir-se com o rei Charles III, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e os presidentes das duas câmaras do Parlamento. As discussões devem se concentrar na obtenção de mais sistemas de defesa aérea e no endurecimento das sanções à Rússia.
Impasse nas negociações
A mudança de foco dos líderes ocidentais para o Oriente Médio pode deixar a Ucrânia em uma posição difícil, privada da influência diplomática que esperava aproveitar para encerrar a guerra. As negociações de cessar-fogo estão estagnadas e, sem o apoio e a pressão americanos por mais conversas, Kiev pode se ver obrigada a suportar um conflito prolongado no campo de batalha, onde suas forças estão lenta, mas constantemente, perdendo terreno.
Se conseguir falar com Trump pessoalmente em Haia, disse Zelensky, ele planeja solicitar autorização para adquirir sistemas de defesa aérea Patriot, de fabricação americana, e discutir novas sanções contra a Rússia.
“Francamente, precisamos falar sobre revitalizar a diplomacia”, disse ele a jornalistas na semana passada. “Precisamos de mais clareza e mais pressão global sobre Putin.”